"Há uma total diferença entre aquilo que neste momento está a ser discutido, no que tem que ver com o programa do Governo e até do ponto de vista orçamental, e o que o CDS é", afirmou Nuno Melo, considerando que o modelo seguido pelo executivo de António Costa se traduz em "mais Estado".
O eurodeputado centrista sustentou que, "desde 2015, Portugal atingiu um valor recorde de funcionários públicos", em "valor absoluto, o que é relevante quando a inflação aumenta, Portugal atinge valores recorde de dívida, acima dos 174 mil milhões de euros" e em termos de despesa para este ano está previsto que se situe "acima dos 100 mil milhões de euros".
"Sendo que, para suportar tudo isto, este Estado, que é um Estado sobredimensionado, também um valor recorde da carga tributária, próximo dos 35%", acrescentou, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente da República.
Melo salientou que "o CDS é o oposto disso", justificando que enquanto "o Governo e os socialismos apostam em mais Estado", o partido defende "mais empresas", que são "quem gera riqueza e cria emprego".
O presidente do CDS-PP lamentou igualmente que o Plano de Recuperação e Resiliência seja "direcionado para a dimensão pública ao ponto de não estar sequer sob a tutela [do ministério] da Economia", em vez de "ajudar empresas que têm de conviver com esta inflação, com o aumento da taxa de juro ou o preço dos combustíveis que já não conseguem pagar".
O Governo esteve reunido durante a manhã com os partidos com representação parlamentar para apresentar as linhas gerais da proposta de Orçamento do Estado para este ano.
A proposta será entregue pelo Governo na Assembleia da República na quarta-feira.
Nuno Melo realçou também que "o primeiro-ministro tem como primeira medida mais emblemática do seu Governo no que tem que ver com o preço dos combustíveis a aceitação de uma sugestão" sua, nomeadamente "a compensação daquilo que são valores absurdos do IVA com uma descida do ISP".
A nova direção do CDS-PP, eleita no dia 03 de abril, foi hoje recebida no Palácio de Belém pelo Presidente da República, numa audiência que durou cerca de uma hora e que Nuno Melo espera que "possa ser uma de muitas".
No final, o presidente do partido salientou o "significado político, que é óbvio, que o CDS não é um partido qualquer, é um partido estruturante do regime democrático, que o ajudou a fundar" e que "faz muita falta a Portugal", e considerou que a perda de representação parlamentar "é conjuntural".
"Trataremos de dar ao CDS as condições para que nos próximos dois anos o partido possa estar preparado para todos os desafios eleitorais", nomeadamente "eleições regionais, autárquicas, europeias e eleições legislativas", indicou.
E defendeu que, apesar de não estar no parlamento, a voz do CDS "não deixa por isso de ser relevante" e deve fazer-se ouvir, e quer ser um partido que "identifica problemas mas que aponta soluções".
O eurodeputado afirmou então que o CDS tem o "foco na Assembleia da República" porque quer voltar eleger deputados e espera "melhores dias" para o espaço político do centro-direita.
"Até lá seremos um partido que fora dará certamente um grande contributo à nossa democracia e será muito visível", salientou Nuno Melo.
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