"Eu começo desde logo por aquilo que eu considero que é um entrincheiramento diretivo. Um partido não pode desvalorizar saída de militantes, um partido não pode estar concentrado em ajustes de contas e purgas para dentro tendo a pretensão de ser simultaneamente eficaz para fora", afirmou na segunda-feira à noite, numa crítica à reação do presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, à desfiliação do antigo deputado Francisco Mendes da Silva.
Nuno Melo participou esta noite nas jornadas parlamentares do CDS-PP, que arrancaram na segunda-feira e terminam na terça-feira em São João da Madeira (distrito de Aveiro), tendo sido convidado para falar sobre “Os desafios da Oposição”.
"E se há dúvida que não tenho, nunca tive, é que o esforço de agregar um partido nasce do topo para a base", considerou, defendendo que "é quem manda que tem os instrumentos e, mais do que isso, deve ter a motivação", mais ainda pelo "estado em que se encontra" o partido.
O eurodeputado começou o seu discurso dizendo que não se tinha "na conta da oposição", mas salientou que há "reflexões que têm de ser feitas" e que "quem não sente não é filho de boa gente" e, ao longo de cerca de 45 minutos de discurso, teceu várias críticas à direção do CDS-PP e foi aplaudido diversas vezes e no final de pé.
"Eu vou dizer o que acho que tem de ser dito e se no final for interpretado como oposição, que seja", salientou.
Voltando ao "entrincheiramento diretivo", o dirigente criticou também "quem, mandando ataca os seus, muitas vezes dos seus e os que mais se destacam", numa altura em que "o CDS necessita de todos", e notou que isso "debilita profundamente o partido".
Nuno Melo lamentou também um artigo de opinião publicado no jornal online Observador e escrito por Margarida Bentes Penedo, vogal da Comissão Política Nacional do CDS-PP, intitulado "CDS: duas correntes, duas políticas".
Falando perante os cindo deputados do CDS, mas também, por exemplo, perante os ex-deputados João Gonçalves Pereira e Hélder Amaral ou o presidente da Juventude Popular, Francisco Camacho, o eurodeputado e antigo vice-presidente apontou que, segundo o artigo, os membros da anterior direção, entre os quais alguns dos presentes, decidiram "parecer-se com o PS" e considerou que "além da enormidade do disparate, a simples alusão é profundamente injusta quando não mesmo ofensiva".
"E eu senti-me ofendido. Estou há muito tempo neste partido e nunca quis outra coisa que não fosse combater o PS", salientou, apontando que "quem diz uma coisa dessas não pode perceber nada do que se está a passar à sua volta".
"Muitos de nós que aqui estamos já combatíamos os socialismos todos [...] quando muitos dos que hoje nos atacam sem necessidade nenhuma ainda estavam sentados nos bancos da escola. E quando assim é, há lições que eu não recebo", frisou também, tendo aproveitado ainda para defender a anterior líder do CDS, Assunção Cristas, no que toca ao estilo de oposição que fez aos socialistas.
E acrescentou que "em relação a muitos outros que não estavam sentados nos bancos da escola, também não estavam cá quando nós já cá estávamos, e vamos lá ver se não vão sair primeiro".
Nuno Melo afirmou ainda desconhecer o objetivo do artigo, mas deixou uma garantia: "Eu sei não quando se escreveu esse tal artigo o que se pretendia, se era que fôssemos embora, se era que optássemos por uma filiação no PSD, se era bater com a porta e dar lugar a outros, só posso dizer uma coisa no que tenha a ver comigo, desenganem-se, enquanto tiver que ser eu estou cá e enquanto tiver que ser é aqui dentro que vou lutar por um Portugal melhor".
Na primeira parte do seu discurso, Melo teceu também críticas ao Governo e lamentou o papel que a oposição tem tido.
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