O cenário caótico com que as pessoas se depararam nos últimos dias quando chegavam ao maior hospital do país, de uma longa fila de ambulâncias com pacientes contagiados com o SARS-CoV-2 e que aguardavam há várias horas para ser atendidos, contrasta com o ambiente presenciado pelas 20:00 de hoje.
A esta hora havia apenas “seis ambulâncias”, anunciou em conferência de imprensa a diretora do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHLN), Anabela Oliveira, com doentes que “estão há mais de dez horas” a aguardar a triagem.
“Não sei se são doentes que carecem de internamento, são doentes que têm de ser avaliados”, acrescentou a responsável.
Anabela Oliveira considerou que o trabalho desenvolvido entre a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) ao nível da pré-triagem “foi absolutamente fundamental” para aliviar a pressão sobre o Santa Maria.
Soraia Taveira, médica do INEM, acrescentou que a pré-triagem feita em conjunto com a Proteção Civil possibilitou o encaminhamento dos doentes para as unidades correspondentes, mas que conduziram “poucos” aos centros de saúde.
O comandante regional da Proteção Civil de Lisboa e Vale do Tejo, Elísio Oliveira, também enalteceu o esforço em conjunto.
“Ontem a esta hora [20:00] tínhamos neste local 46 ambulâncias, hoje temos seis. Ao longo do dia [de hoje] foram dezenas de ambulâncias triadas, foram dezenas de pessoas encaminhadas para o seu local”, sublinhou o responsável, considerando que esta pré-triagem permite que “os doentes tenham um tratamento diferente” por parte dos profissionais de saúde, que a agora “conseguem respirar”.
Questionado várias vezes pelos jornalistas, o comandante não especificou quantos doentes passaram pela pré-triagem durante o dia de hoje e quantos é que necessitavam de internamento, respondendo apenas que “dezenas de ambulâncias” passaram pelo Santa Maria.
O hospital é que “tem de validar os dados relativamente aos doentes admitidos”, acrescentou o responsável do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil de Lisboa e Vale do Tejo.
O trabalho feito em parceria com o INEM tem apenas o propósito de retirar “toda a carga e pressão sobre o hospital”.
O dispositivo criado na entrada desta unidade hospitalar “vai baixar” durante a noite e regressará no sábado, pelas 12:00, explicou o comandante da Proteção Civil, referindo, no entanto, que os doentes que ainda aguardam a triagem terão acompanhamento permanente.
Interpelado sobre se o auxílio da Proteção Civil e do INEM veio tarde e se houve alguma falha, uma vez que o cenário caótico é constante há vários dias e que havia bombeiros sem comida, Elísio Oliveira respondeu que “nenhum dos bombeiros aqui estão isolados” e que “a preocupação” é “rentabilizar o trabalho” na triagem com a complementaridade destas várias entidades.
“Estamos a dar [o nosso melhor], isso é que é importante. É isso que é o nosso trabalho”, defendeu.
Portugal contabilizou até hoje 11.608 óbitos associados à covid-19 e 685.383 contágios, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
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