“Sabemos bem que, no domínio até da fiscalidade verde, podemos impor algumas taxas a outro tipo de plásticos que não só aqueles plásticos dos sacos mais simples. O que sentimos é que a sociedade, entre consumidores, produtores e embaladores, está cada vez mais consciente para este problema”, disse João Pedro Matos Fernandes.
O ministro encerrou hoje na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, uma conferência sobre “Repensar os Plásticos na transição para uma Economia Circular”, no âmbito ainda do Dia Mundial do Ambiente, que se assinalou na terça-feira.
Questionado pela Lusa, João Pedro Matos Fernandes frisou que para já o Governo quer “pegar no problema ao contrário”. Faze-lo é “ter incentivos positivos, seja no domínio da recolha seletiva seja no domínio da reciclabilidade dos próprios produtos”, em vez de “andar a taxar, sem nunca perder de vista que essa possibilidade existe” e que está a ser guardada para “mais daqui a dois ou três anos”.
Para já, afiançou, a recolha seletiva e a reciclabilidade dos produtos é o caminho que o Governo quer seguir.
Ainda que se afirme convencido que Portugal vai cumprir as metas fixadas no domínio da reciclagem, João Pedro Matos Fernandes admitiu também que no futuro se tenha de pagar uma tara por uma garrafa de plástico.
“Acreditamos que não é por aí que conseguimos ter resultados melhores, porque estamos mesmo a apelar a um consumo consciente num tempo em que as pessoas têm cada vez mais consciência do problema ambiental que os plásticos podem causar”, acrescentou.
O ministro lembrou que hoje foram assinados acordos, no âmbito da conferência, com empresas que produzem embalagens de plástico no sentido de trabalhar para que se consiga recolher 90% das embalagens de bebidas de plástico.
Mas se por um lado elogiou o plástico, um material que faz parte da vida das pessoas, salientou que é fundamental reduzir “o abuso do plástico” e garantir que esse mesmo plástico é reciclável.
“Um exemplo muito concreto que complica a reciclagem é o facto de uma simples garrafa de água ou de refrigerante ter três tipos de plástico, corpo da garrafa, tampa e rótulo. Se tudo for feito do mesmo material e mais fácil reciclar”, salientou.
Perante os conferencistas o ministro já tinha avisado que sem alterações comportamentais teria de ser introduzida uma taxa que penalizasse os consumidores, e disse que máquinas de recolha de plásticos já estarão disponíveis no próximo ano em locais como supermercados.
E lembrando que se fazem por dia milhares de reuniões no país perguntou porque é que cada uma não tem uma garrafa de vidro e copos em vez de garrafas de água (a Gulbenkian assinou um acordo com a EPAL e a partir de agora passa a disponibilizar água da torneira nos auditórios e salas de congressos), como perguntou que sentido ainda faz copos e talheres descartáveis ou palhinhas.
É que, lembrou, “a cada minuto um camião de plástico é despejado nos oceanos”.
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