“Quando nós assinamos as Agendas, as empresas vão ter imediatamente uma transferência de 13% do dinheiro à cabeça e portanto calculo que, nos próximos meses, cerca de 300 milhões de euros cheguem imediatamente às empresas para dinamizarem toda a sua ação, para porem os consórcios no terreno e para começarem a fazer a transformação”, afirmou o ministro.
Costa Silva falava durante a CNN Portugal Summit, promovida hoje no Porto pela CNN Portugal para debater os fundos europeus e as oportunidades e desafios que decorrem da aplicação do PRR.
Segundo salientou, o objetivo é mudar o perfil da economia portuguesa, que “é muito pouco diversificada”: “Tem setores de alta inovação tecnológica, mas a grande questão é que a inovação que nós estamos a produzir, o conhecimento, não está a ser extensivamente incorporado nos processos produtivos e ainda não está refletido em áreas que são absolutamente cruciais, de desenvolvimento tecnológico e de produção e criação de produtos e serviços de alto valor acrescentado”, explicou.
O ministro da Economia apontou como “outro elemento absolutamente vital” o “conteúdo importado” das exportações portuguesas, que diz ser “dos mais elevados da União Europeia”: “Isso tem que mudar, temos que incorporar mais produto nacional, mais conhecimento, mais inovação, porque isso será transformador”, defendeu.
De acordo com Costa Silva, embora seja “absolutamente claro que as empresas que foram apoiadas pelos fundos europeus aumentaram a sua produtividade e a sua capacitação”, o facto é que Portugal “ainda não conseguiu criar, apesar de todo este ciclo, um setor de alta tecnologia que seja altamente exportador”.
“Penso que estas Agendas podem fazê-lo”, sustentou.
Enfatizando que “as verbas do PRR e do PT2030 que vão para as empresas são 90% mais relativamente ao PT2020”, o governante realçou que “nunca existiu um investimento desta ordem para as empresas” e alertou para a importância de uma boa capacidade de execução.
“Nas minhas contas são entre 11.000 e 12.000 milhões de euros e, nesta altura, estou mais preocupado com a capacidade de o país executar, quer as empresas, quer a administração pública”, admitiu.
Segundo referiu, “o máximo dos máximos” que o país alguma vez executou de fundos estruturais “foi 2.500 a 3.000 milhões por ano, no melhor dos anos”, e agora será “mais do dobro”, o que exigirá, também “uma administração pública muito mais eficaz e muito mais ágil”.
Embora acredite que se está perante “uma nova era monetária, de inflação mais elevada”, o ministro considera que “o BCE [Banco Central Europeu] está a atuar bem”, subindo as taxas de juro, e vê “alguns sinais importantes que podem permitir um reequilíbrio”.
“Depois deste aumento extraordinário dos preços dos metais e das matérias-primas, nas últimas semanas o índice da Bloomberg dos metais mostra uma queda do preço de cerca de 40%, o que é um indicador que me parece muito claro”, precisou.
A este, diz, somam-se outros “indicadores muito claros, como o do custo dos transportes marítimos, que subiram de uma forma exponencial, mas que mostram o transporte entre a China e os EUA já a cair cerca de 40%, também, nas últimas semanas”, assim como dos inventários de várias indústrias, cujos ‘stocks’ acumulados “já estão a acontecer em alguns setores”.
“Isto significa que não podemos ser catastrofistas, não podemos ser deterministas, temos que considerar que a economia portuguesa é resiliente”, sustentou. “Muitas vezes subestimamos a dinâmica endógena que está subjacente à economia portuguesa”, acrescentou.
Comparando a atual situação com a crise vivida em 2011, o Ministro da Economia salientou tratar-se de um cenário “diferente”: “Em 2011 tínhamos a nossa economia a colapsar, a retrair-se, e tínhamos o endividamento a subir e a disparar. É por isso que a questão da consolidação orçamental é absolutamente fulcral: Porque, muitas vezes, os investidores são atraídos não tanto pelo nível ou pela magnitude da própria dívida, mas por como é que a dívida se está a comportar”, afirmou.
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