No primeiro dia da cimeira em Vilnius, Volodymyr Zelensky exigiu “respeito” e um prazo para a entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica. Postura que, segundo o presidente da Ucrânia, é "absurda" e está a atrasar a adesão do seu país, que enfrenta a Rússia numa guerra que dura há mais de um ano.
No segundo dia, que decorreu esta quarta-feira, Zelensky elencou as prioridades da sua agenda nas discussões com os restantes países da Aliança Atlântica que prometeram continuidade na ajuda militar pelo tempo que for necessário.
Mas a “bomba” lançada pelo presidente da Ucrânia fez eco durante a reunião de hoje. E nem a introdução da palavra “convite” nas conclusões da cimeira convenceu Zelensky.
Para o primeiro-ministro português, António Costa, “houve, seguramente, um mal-entendido” do presidente da Ucrânia quanto às intenções dos Aliados e foi precisamente isso que transmitiram a Zelensky.
"Acho que houve um momento de um mal-entendido, visto que a declaração resulta de um convite que existe [em forma de documento], e é da vontade de todos que a Ucrânia possa ser membro [da NATO], logo que possível", afirmou o primeiro-ministro à saída da reunião, ao inicio da tarde.
"Foi, naturalmente, um convite que se possa concretizar quando as condições estiverem reunidas", disse e acrescentou que "a mensagem que surge de todos, é tudo fazer para que essas condições se verifiquem mais rapidamente possível", garante Costa.
"Foi ontem assinado acordo de formação de pilotos F-16 em coligação, onde Portugal faz parte", disse o primeiro-ministro. "Portugal subscreveu as garantias de segurança dadas à Ucrânia pelos países do G7, ressalvando que vai ser discutido como é que o país pode ajudar a assegurá-las", anunciou.
“A declaração abre agora um período a partir do qual se iniciarão contactos entre os parceiros para se definir em que medida é que cada um participará nas garantias futuras de segurança da Ucrânia”, sustentou Costa.
Por seu lado, Volodymyr Zelensky, mais calmo, admitiu em declarações que não é um convite, muito menos um calendário, mas é um “primeiro documento legal que é como um guarda-chuva” para assegurar que a Ucrânia vai continuar a receber apoio, afirmou.
O referido documento “cobrirá todos os aspetos que agora estão em falta como a defesa aérea, as aeronaves militares” e tudo o resto que a Ucrânia necessite para expulsar os militares russos do seu território, disse o presidente ucraniano, que lembrou que, no passado, o país ficou com um documento parecido “na mão” e isso não impediu a Rússia de violar a integridade do seu território. Daí ter advertido que, desta vez, tem mesmo de haver “respeito” pela Ucrânia.
Da noite para o dia, o discurso que até então sabia a pouco deu lugar a uma conquista.
Os países que compõem o G7 (Alemanha, França, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Canadá e Japão) anunciaram uma declaração que dá garantias de segurança até à eventual adesão do país.
Medida que tranquilizou o presidente da Ucrânia.
Ao lado do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, Zelensky afirmou que regressaria “a casa com uma vitória significativa de segurança” e “um sinal importante” para aproximar o país da NATO, e disse compreender que haja “algum receio” em falar de um convite para a adesão.
“Não é uma candidatura, mas é uma mobilização para a Ucrânia e um sinal poderoso”, advogou o presidente da Ucrânia depois de uma cimeira onde esperava ser formalmente convidado para aderir à NATO, mas acabou por ouvir o inevitável: primeiro a paz e só depois vai ser possível considerar a entrada na Aliança Atlântica.
*com Lusa
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