Junto ao Langjokull, o segundo maior glaciar da Islândia, na região oeste da ilha, o campo de lava de Lambahraun foi durante três semanas de julho o local de trabalho de uma quinzena de cientistas e engenheiros enviados pela Agência Espacial Norte-Americana.
A ilha vulcânica do meio do Atlântico Norte tem características a fazer lembrar o planeta vermelho, com a sua areia preta de basalto, as dunas moldadas pelo vento, as rochas negras e os cumes das montanhas à volta.
“Temos exatamente o tipo de padrões e transporte de matérias que os cientistas querem ver”, disse no local um responsável dos Serviços Espaciais de Controlo da Missão, Adam Deslauriers, de uma empresa do Canadá contratada pela NASA para testar um protótipo de veículo espacial.
Trata-se de um pequeno veículo elétrico, branco e cor de laranja, com tração nas quatro rodas e acionado por dois motores laterais, que funciona como uma retroescavadora e que tem 12 pequenas baterias no interior. Basicamente “é indestrutível” disse Deslauriers, citado hoje pela AFP.
Equipado com sensores 3D, um computador, uma câmara com duas objetivas e instrumentos científicos, os 570 quilos do equipamento movem-se por controlo remoto a 20 centímetros por segundo.
O veículo recolhe e classifica dados do ambiente à sua volta graças às câmaras e envia-os para a equipa de engenheiros que estão a várias centenas de metros, que por sua vez os transmitem aos cientistas que estão confinados numa tenda. Tudo para simular o envio de informações de Marte para a Terra.
Os investigadores vão depois até ao local do veículo robô para medir a radiação e recolher amostras, coisa que o protótipo só conseguirá fazer na versão final.
Os locais de treino são escolhidos tendo em conta a forma como a areia e as rochas mudam tanto na composição química quanto nas propriedades físicas à medida que se mudam do glaciar para o rio vizinho.
Antes de Marte se tornar um deserto congelado e inóspito, onde a temperatura média ronda os 63 graus negativos, os cientistas admitem que se pareceria muito com a ilha.
“A mineralogia na Islândia é muito similar à que encontrámos em Marte”, disse Ryan Ewing, professor de geologia e geofísica na Universidade do Texas, Estados Unidos.
A Islândia já serviu de cenário para outros exercícios da NASA, nomeadamente por ocasião de missões da Apollo (missão que levou o homem à Lusa), quando 32 astronautas fizeram formação na ilha, em 1965 e 1967.
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