“Não é a compra da participação na Lusa que vai dar estabilidade financeira a este grupo, pode até adiar o problema mais um mês, mais dois meses”, afirmou Luís Montenegro, em Santa Cruz da Graciosa, Açores, recusando “fazer demagogia” sobre este tema.
O presidente do PSD confirmou que o partido teve um contacto do ministro da Cultura e do Governo sobre o negócio de aquisição de quase metade da participação privada na Lusa, entretanto abortado. Montenegro rejeitou, contudo “lançar a confusão entre aquilo que é uma situação de dificuldade no grupo e aquilo que é a aquisição ou possível aquisição da participação que o grupo tem na Lusa por parte do Estado”.
“São matérias que são completamente diferentes”, frisou, observando que “quem governa é o Partido Socialista, o Partido Socialista, se quiser decidir, decide” e, se “quisesse decidir, não precisava do aval do PSD para nada”.
O Estado propôs pagar cerca de 2,5 milhões de euros, valor ao qual era preciso descontar a dívida, pelas participações da Global Media e das Páginas Civilizadas na Lusa, revelou hoje o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
O Estado estava em negociações para ficar com a quase totalidade do capital da agência Lusa, mas em dezembro as negociações não foram concluídas por o PSD considerar que o processo deveria ser conduzido pelo próximo Governo.
Os trabalhadores do GMG, que detém o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, Dinheiro Vivo, O Jogo e o Açoriano Oriental, entre outros títulos, estão hoje em greve, no mesmo dia em que termina o prazo de adesão às rescisões voluntárias, para mostrar repúdio pela intenção de despedir até 200 profissionais e pela defesa do jornalismo.
O dirigente social-democrata expressou solidariedade a todos os trabalhadores do GGM que “enfrentam neste momento uma situação muito difícil”, esperando que “possa ter um desfecho positivo nos próximos dias”.
Reiterando que “compete ao Governo dar condições para o exercício da atividade de comunicação social, em particular da informação, que possam dar sustentabilidade ao setor e, ao mesmo tempo, ter um quadro regulatório que não coloque nunca em causa a independência do jornalismo, a liberdade de informar e o direito de ser informado”, Luís Montenegro garantiu que é isso que preconiza como governo.
“Há um serviço público de informação que não está circunscrito aos órgãos que são propriedade do Estado. Qualquer órgão de comunicação social presta serviço público e, nessa condição, o Estado deve criar tudo aquilo que são instrumentos para a administração e a gestão dos respetivos órgãos possam fazer o seu trabalho”, adiantou.
Segundo o dirigente social-democrata, “há uma coisa que o Estado pode e deve fazer, é salvaguardar que a liberdade de imprensa está assegurada e que os direitos laborais dos trabalhadores também estão salvaguardados”.
“Isso, naturalmente, compete aos governos que estão em funções”, defendeu, considerando ser “importante que o quadro regulatório atue e que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social possa exercer as suas competências, para garantir o bom funcionamento do pluralismo democrático em Portugal”.
O líder do PSD cumpre hoje mais um dia do programa “Sentir Portugal”, sendo a Graciosa a quinta ilha do arquipélago onde marca presença, depois do Pico, Faial, São Jorge e Terceira.
De manhã, na aerogare civil das Lajes, na ilha Terceira, Luís Montenegro cruzou-se com o candidato do PS a presidente do Governo Regional dos Açores nas eleições legislativas regionais antecipadas de 4 de fevereiro, Vasco Cordeiro, tendo ambos trocado cumprimentos e breves palavras de cortesia.
O também líder do PS/Açores e a comitiva de Luís Montenegro viajaram depois no mesmo avião para a Graciosa, onde hoje os socialistas apresentam a lista por este círculo eleitoral.
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