Adeline Roldão-Martins, de 34 anos, nasceu em Toulouse e tem raízes familiares no Pinhal Novo, no concelho de Palmela, sendo candidata independente, enquanto Davy Rodriguez de Oliveira, de 23 anos, tem raízes em Espinho e é candidato suplente da Frente Nacional.
A lusodescendente, vereadora na cidade de Survilliers, na região de Paris, apelou a votar Emmanuel Macron nas eleições presidenciais de 23 de abril e 7 de maio, tem um cartaz onde se lê “Maioria Presidencial”, mas vai ter um adversário de A República em Marcha!.
“Não estou desapontada. As equipas de Macron tinham-me contactado, mas ao nível nacional decidiram de maneira diferente. Não optaram por alguém que conhece o território. Eu sempre disse que, com ou sem etiqueta, ia até ao fim para defender as causas nacionais, nomeadamente o programa de Emmanuel Macron que apoio fortemente, mas atenção porque não se pode esquecer a realidade local”, afirmou a candidata à Lusa.
Adeline Roldão-Martins está confiante que pode vencer na sua circunscrição e, se ganhar, vai apoiar na Assembleia o presidente Emmanuel Macron porque é a favor do “posicionamento nem de direita nem de esquerda porque uma boa ideia está ao serviço do bem de todos” e porque partilha “a 100% tudo o que é relativo à exemplaridade” dos políticos, uma ideia defendida pelo novo chefe de Estado francês.
A gerente de uma empresa no aeroporto de Charles de Gaulle, em Paris, tem multiplicado as ações de campanha diariamente junto de supermercados e estação de comboios, e o seu programa já chegou a “42 mil caixas de correio”, mas até agora ainda não se cruzou com o adversário lusodescendente da FN.
“Há para todos os gostos. Sabemos que há uma parte da comunidade portuguesa que vota na FN, é preciso respeitar essa escolha. Não é de todo o meu posicionamento porque se os portugueses que estão em França puderam construir a sua vida aqui é porque combatemos ideias como as que são transmitidas pela FN. A comunidade portuguesa fará a sua escolha”, declarou.
Davy Rodriguez de Oliveira é o candidato suplente de Mikael Sala e disse à Lusa que não entra na luta pelo voto dos portugueses porque anda atrás do voto dos franceses em geral, onde inclui os lusodescendentes.
“Não estamos numa postura de falar a portugueses, espanhóis ou alemães. A nossa ideia é falar com os franceses. Podemos falar com pessoas de origem portuguesa, lusodescendentes por exemplo, mas não falamos especificamente para os portugueses. Além disso, os portugueses hoje em dia têm os mesmos receios que os franceses, desde a insegurança, o terrorismo islâmico e a imigração massiva”, afirmou o jovem.
Diretor nacional adjunto da Frente Nacional da Juventude (FNJ), Davy Rodriguez de Oliveira andou em campanha para as presidenciais em apoio a Marine Le Pen, cantou o hino francês após a derrota da FN no Chalet du Lac, em Paris, e ainda acredita que a FN possa ser “o partido da oposição na Assembleia”.
“O objetivo é ter um grupo forte para fazer uma oposição porque somos o único partido realmente na oposição a Emmanuel Macron porque o PS e os Les Républicains estão quase juntos no governo e na Assembleia para ajudar o presidente. Por isso, o objetivo é constituir o grupo mais numeroso possível”, comentou o lusodescendente, numa altura em que o hemiciclo cessante só tem dois deputados FN em 577 parlamentares.
Candidato suplente, Davy Rodriguez de Oliveira não pensa na eventualidade de ocupar um assento parlamentar no caso de o seu candidato titular ser eleito e não poder cumprir o mandato porque ainda é “muito jovem” e prefere ajudar na campanha, acreditando que a FN pode ganhar na sua circunscrição graças a “uma boa dinâmica no Val d’Oise”.
Filho de mãe portuguesa e pai espanhol, o lusodescendente que hoje é uma das vozes da juventude de Marine Le Pen, chegou a apoiar Jean-Luc Mélenchon, da esquerda radical, nas presidenciais de 2012, depois de ter passado pelo PS e de rapidamente se ter afastado quando François Hollande venceu as primárias de então.
Os temas da imigração e da Europa acabaram por empurrar para a FN o jovem que se apresenta como “soberanista”, que é diplomado em Sciences-Po, titular de um mestrado em direito público e económico, e que criou, em 2013, a associação universitária eurocética ‘Critique de La Raison Européenne’.
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