“Apesar de o surto [de Lagos] ter tido efeito maior que qualquer episódio até agora, as situações estão identificadas, os contactos estão definidos, as pessoas estão controladas e faz parte do processo de desconfinamento [surgirem situações como esta]”, afirmou António Miguel Pina, em declarações à Lusa.
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, defendeu hoje no Porto a necessidade de intensificar uma campanha de sensibilização para as regras de segurança face à covid-19 no Algarve, apontando que uma eventual cerca sanitária é decisão da tutela, mas ouvindo os autarcas.
António Pina considerou que “não se pode ser alarmista”, porque é conhecido de “todos os que têm responsabilidades” que, durante a atual fase, podem “surgir casos” como o que se registou em Lagos, onde várias dezenas de pessoas que participavam numa festa ilegal acabaram infetadas pelo novo coronavírus.
“Estão de parabéns as autoridades de saúde, as policiais e as autarquias, especialmente a de Lagos, que em conjunto deram uma resposta rápida e, em menos de 48 horas, identificaram meia centena de pessoas, estabeleceram relação com outra centena e fizeram análises a 300 ou 400 pessoas”, enalteceu.
O caso de Lagos veio “demonstrar que o Algarve é um caso exemplar de articulação entre as diferentes instituições – da saúde, policiais e municipais –, e está preparado para outro episódio destes, que faz parte do processo de desconfinamento”, acrescentou o presidente da entidade que representa os 16 municípios do distrito de Faro.
“Agora, lamentavelmente, assistimos a declarações bombásticas e irresponsáveis, que no fundo têm como foco um combate quase sindicalista e uma luta daquela classe profissional pela exigência de mais profissionais, sem pensar no efeito que traz para os algarvios”, criticou António Miguel Pina.
António Pina pediu, por isso, aos representantes da Ordem, “seja o bastonário sejam os de outras estruturas”, para “quando falarem do Algarve, e nesta altura do ano, falarem “apenas e exclusivamente dos problemas das suas carreiras profissionais e da sua profissão”.
“Os portugueses não podem levar muito a sério aquilo que são as declarações desta corporação, que é uma mistura de sindicato e Ordem, porque à segunda dizem que é preciso mais médicos e à sexta-feira dizem que há médicos suficientes”, desvalorizou ainda o autarca.
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve também garantiu hoje que tem capacidade instalada para responder a eventuais surtos de covid-19 que surjam no Algarve, como o que foi registado em Lagos, "sem perigo de fechar" a região.
Além das declarações de Miguel Guimarães sobre a necessidade de reforço das medidas de sensibilização no Algarve para evitar novos surtos na região, também o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, defendeu hoje, em entrevista ao Diário de Notícias, medidas mais rigorosas para a zona do Algarve.
"Se tivermos um surto de cem casos em Faro ou Portimão vamos ter de fechar o Algarve", disse Alexandre Valentim Lourenço.
Este número não foi comentado diretamente pelo bastonário da Ordem dos Médicos que apontou que "depende de como chegar aos 100 novos casos".
"O Algarve é uma área do país muito importante no que respeita ao turismo. É uma área em que temos de ter uma especial atenção nas medidas de proteção que provavelmente podem estar a falhar em alguns casos e a autoridade nacional da saúde tem de se preocupar muito especificamente com o Algarve", referiu Miguel Guimarães.
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