Luís Montenegro esteve hoje na plateia da conferência que assinalou os 30 anos do Programa Especial de Realojamento (PER), uma iniciativa da Câmara de Lisboa, tendo ouvido as duras críticas feitas pelo antigo Presidente da República em relação ao novo programa “Mais Habitação” e à atuação do Governo socialista liderado por António Costa.
“A crítica que foi feita foi sobretudo justificada e fundamentada. Isso é o mais importante. Nós temos vindo a alertar para esta opção de o Governo trazer tudo menos aquilo que se pretende, que é confiança, estabilidade, previsibilidade e capacidade de executar um verdadeiro programa que aumente a oferta da habitação em Portugal”, enfatizou.
Para o presidente do PSD, era fundamental que estas medidas suprissem “várias das dificuldades que hoje se sentem do lado da procura” e que também trouxessem “alguma inovação do ponto de vista das respostas”.
“Nada disso se consegue alcançar com a proposta do Governo. Isso esteve na base da apresentação da proposta que o PSD apresentou esta semana na Assembleia da República, que para já teve a viabilização do PS, e que se essa viabilização for consequente, conseguirá, apesar de tudo, eliminar vários dos problemas que aqui foram evidenciados e com os quais nós estamos de acordo”, defendeu.
Sobre os alertas de Cavaco Silva quanto à desconfiança dos investidores devido à alteração das regras a meio do jogo pelo Governo, Montenegro considerou que isso não acontece só com o programa, mas com “outros objetivos estratégicos de Portugal, nomeadamente a captação de investimento direto estrangeiro que possa potenciar a criação de emprego e de emprego qualificado, que possa subir o nível salarial de Portugal”.
“Há hoje jovens portugueses que encaram com maior confiança a emigração em busca de melhores condições de vida do que ficarem cá e isso, como o professor Cavaco Silva aqui descreveu de uma forma absolutamente inequívoca, é fruto de uma política de desconfiança de falta de credibilidade que se vai depois manifestar no médio prazo no desinvestimento”, condenou.
Na opinião de Montenegro, a comemoração dos 30 anos do PER permite uma reflexão “sobre aquilo que foi a história democrática de Portugal desde a implantação da democracia”.
“Houve governos com visão, com capacidade de olhar mais longe, que deixaram sementes para resolver os problemas estruturais do país e o problema da habitação era um problema há 30 anos absolutamente primordial. Evocar este programa, a sua execução, aquilo que foi o seu contributo”, disse.
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