Na proposta de estratégia global hoje entregue na sede nacional, intitulada “Acreditar”, o antigo líder parlamentar do PSD refere-se expressamente ao partido Chega no capítulo dedicado ao posicionamento político do PSD.
“Nesse trabalho, de ampliação da nossa base eleitoral, nunca ultrapassaremos as linhas nucleares dos nossos valores e princípios. Mas não contem connosco para distrair o PSD com discussões estéreis a propósito de um imaginário e extemporâneo diálogo com partidos como o Chega. Fazê-lo é fazer um frete ao PS”, afirmou, na única passagem da moção de 66 páginas em que se refere expressamente ao partido liderado por André Ventura.
“Connosco, o PSD não se vai descaracterizar, mas também não será cúmplice da perpetuação do PS no poder”, avisou, contudo, sem concretizar mais sobre uma política de alianças.
Noutro ponto da moção, sublinha-se que “não há, como nunca houve, espaço no PSD para racismo, xenofobia, discriminações, nacionalismo ou o extremismo, nem para ódios de classe, ditaduras do politicamente correto, nem agendas ideológicas totalitárias de esquerda ou de direita”.
“Aliás, em Portugal o partido que tomou e exerceu o Governo do país apoiado em partidos extremistas, cúmplices de agressores totalitários e sanguinários, impositores da não-liberdade, foi o Partido Socialista”, acusa-se, dizendo que o PS deveria “pedir desculpa aos portugueses”.
No entanto, avisa-se que “para o PSD não existem uns portugueses eleitores de primeira e outros de segunda, em função do seu último voto partidário”, considerando que “os eleitores não são cativos de nenhum partido, não são confundíveis com as direções e líderes pontuais do partido em que em algum momento votaram”.
“São todos portugueses livres e responsáveis pelas suas escolhas. Como grande partido português, o PSD deve escutar todos e falar para todos os eleitores”, defende.
O antigo líder parlamentar aponta o surgimento de novos partidos à direita quer na lista das dificuldades futuras para o PSD, quer na das oportunidades.
“No lugar de um outro partido (o CDS) de vocação compromissória, emergiram partidos de ofertas especializadas e populistas que procuram fazer caminho num tempo histórico de excessiva competição e de indisponibilidade para compromissos moderados”, disse.
Perante este desafio, Montenegro reitera na moção o que tem vindo a afirmar: “O PSD tem de ser a casa daqueles que votaram PS nas últimas eleições e se vão frustrando ou desiludindo, ao mesmo tempo que deve acolher aqueles, que por razões conjunturais, expressaram o seu voto à nossa direita”.
Na lista das oportunidades, Luís Montenegro defendeu que à direita do PSD – nunca se refere expressamente a Iniciativa Liberal – “não existe um projeto global, equilibrado”, considerando que as ofertas “são tantas vezes socialmente inaceitáveis e injustas e/ou moral e humanamente inadmissíveis”.
Sobre o posicionamento político do partido, a moção defende que “este não é o tempo para lamúrias nem para perder tempo com quem pensa que o PSD está condenado ao definhamento”, insistindo que “o PSD pode e vai voltar a ser o maior partido português.
“O PSD é, no contexto político nacional, a única verdadeira alternativa política ao Partido Socialista. Deve, portanto, assumir na plenitude essa responsabilidade patriótica”, refere.
A moção defende que “uma democracia saudável vive melhor” com duas alternativas claras, não fazendo sentido que “o PSD se subalternize na mera expectativa de que poderá influenciar as políticas socialistas”.
“Este posicionamento estratégico em nada colide com o sentido de responsabilidade subjacente ao acompanhamento de determinadas áreas críticas que careçam de uma abordagem suprapartidária e que visem perdurar para lá de governações conjunturais”, ressalva-se.
Entre as dificuldades que se apresentam ao partido, a moção de Montenegro reconhece que o PSD tem vindo a perder eleitorado e se afastou de alguns grupos demográficos, como os eleitores mais velhos, os de mais baixas qualificações e os funcionários públicos.
“Adicionalmente, o Partido Socialista prossegue o seu projeto de controlo da Sociedade pelo Estado e do Estado pelo partido”, acusa o candidato.
Já entre as oportunidades, a moção de Luis Montenegro aponta que “o PS nada tem para oferecer ao país”.
“O país não aguenta essa estagnação por muito mais tempo. O socialismo é estagnação e agora, que tem maioria absoluta, esgotaram-se as desculpas do PS”, disse, apontando igualmente que “o extremismo da esquerda radical está cada vez mais revelado”.
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