"A maioria das pessoas reconhece que o impacto de saída sem acordo não é do interesse nem do Reino Unido nem dos outros 27 países da UE", disse hoje, numa conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros.
Barclay admitiu que o impacto de uma saída sem acordo será diferente nos diferentes países, mas vincou que, por exemplo, na vizinha Irlanda, será provavelmente maior do que no próprio Reino Unido, lembrando que 85% das mercadorias trocadas entre a UE e a Irlanda passam por portos britânicos.
Por outro lado, lembrou que a primeira-ministra [Theresa May] tentou três vezes passar o acordo de saída, mas que foi rejeitado no parlamento britânico e que a principal razão foi a solução relacionada com a fronteira da Irlanda do Norte.
"Precisamos de olhar para isso novamente se quisermos fazer passar um acordo de saída através do parlamento, e penso que é do interesse de ambas as partes evitar uma saída sem. E nesse sentido, precisaremos ter negociações com um novo primeiro-ministro, sobre como resolver aquilo", argumentou.
Stephen Barclay é apoiante de Boris Johnson, o favorito na eleição onde concorre contra Jeremy Hunt, para a sucessão de Theresa May à frente do partido Conservador e, consequentemente, como primeiro-ministro.
Tanto Johnson como Hunt invocaram ter como prioridade um ‘Brexit' com acordo, mas que estão determinados em resolver o processo até ao prazo de 31 de outubro dado pelo Conselho Europeu dado em abril.
Barclay disse hoje que mantém contacto regular com os atuais dirigentes europeus e que vai encontrar-se na terça-feira com o negociador chefe da UE para o ‘Brexit', Michel Barnier, mas que Londres também aguarda com expectativa a chegada dos novos dirigentes.
O governo britânico foi favorável à nomeação da ministra da Defesa alemã Ursula von der Leyen para presidente da Comissão Europeia, onde vai substituir Jean-Claude Juncker, e também o primeiro-ministro belga em funções, o liberal Charles Michel, para a presidência do Conselho Europeu, sucedendo a Donald Tusk.
"Claramente, como em qualquer organização política onde chega uma nova equipa, isso altera a dinâmica, oferece outras oportunidades e estamos ansiosos para construir relacionamentos muito bons e construtivos com a nova liderança dentro da Europa", acrescentou.
O Reino Unido tinha previsto deixar a UE a 29 de março, mas esta data foi adiada devido à falta de consenso entre os deputados, pelo que a saída foi adiada para 31 de outubro.
O acordo de saída pretende não só resolver questões relacionadas com o "divórcio", que inclui os direitos dos cidadãos europeus e britânicos e uma compensação financeira à UE, mas também garantir uma transição ordenada para a saída do mercado único, da união aduaneira e de instituições como a Europol.
Empresas, políticos e economistas receiam que uma saída sem acordo afete a economia, em particular indústrias como a agricultura e a indústria automóvel, devido à imposição de controles nas fronteiras que iriam atrasar a circulação de mercadorias.
Porém, os eurocéticos acreditam que os problemas podem ser superados e que o país pode funcionar usando as regras da Organização Mundial do Comércio.
O vencedor da eleição interna no partido Conservador será conhecido a 23 de julho, após o voto dos 160 mil militantes, e a nomeação para primeiro-ministro deverá acontecer no dia seguinte, após a demissão de Theresa May.
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