“Neste momento consideramos que é [um valor] significativo e que será dificilmente alcançável”, disse Marta Temido à agência Lusa à margem de um almoço com empresários, em Lisboa, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola.
Na semana passada no plenário parlamentar, a ministra disse aos deputados que “um dos sindicatos médicos” apresentou uma proposta de tabela salarial que “começa nos 4.284 euros”, considerando que o SNS não terá condições para pagar estes salários.
Contudo, Marta Temido mostrou-se hoje disponível para reavaliar alguns modelos remuneratórios, afirmando que “o trabalho na saúde é um trabalho particularmente exigente” e que isso tem de ter contrapartidas remuneratórias.
“O Serviço Nacional de Saúde tem perdido alguma da sua capacidade competitiva em termos salariais, relativamente ao crescimento de outros setores concorrenciais e temos, eventualmente, necessidade de reavaliar alguns modelos remuneratórios” nomeadamente ao nível dos cuidados hospitalares, disse a ministra.
Para Marta Temido, haveria vantagem em ter nos cuidados hospitalares “um modelo mais semelhante” ao que foi introduzido nos cuidados de saúde primários com os incentivos.
“São temas que procuraremos ainda até ao final desta legislatura trabalhar, mas que dificilmente serão concretizáveis em termos de respostas no espaço de quatro meses”, admitiu à Lusa.
Sobre a greve convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) para os dias 02 e 03 de julho, a ministra destacou os “passos importantes” que foram dados no diálogo com os profissionais.
“Neste diálogo frutífero que temos tido com a profissão médica temos conseguido dar passos importantes, tendo sido possível garantir, por exemplo, a reposição de um conjunto de majorações pelo trabalho suplementar e pelo trabalho em horas incómodas, que estavam congeladas e foram integralmente repostas no início deste ano”, disse Marta Temido.
Também foram recrutados novos especialistas, disse Marta Temido, observando que o Serviço Nacional de Saúde tem hoje mais 1.800 especialistas do que tinha no final de 2015.
“Podemos também abrir já concursos para progressão na carreira, concretamente para assistente graduado sénior e para consultor, e temos mais dois concursos em mãos para abrir ao longo deste mês”, salientou.
No entanto, frisou, há um conjunto de outras reivindicações, como a redução do número de utentes por médico de família e a redução do horário normal de trabalho em serviço de urgência, que são difíceis de atender neste momento.
“A redução do número de utentes por médico de família neste momento não é possível, atendendo a que ainda há um número significativo de portugueses que não tem médico de família”, bem como a redução do período normal de trabalho no serviço de urgência.
Em relação a este último ponto, Marta Temido disse que, enquanto não se conseguir reorganizar o sistema de saúde, tornando-o menos dependente dos serviços de urgência, “é difícil acomodar”, para poder garantir “aos portugueses aquilo que eles esperam de nós e que é a nossa principal obrigação que são cuidados de saúde de qualidade no contexto dos serviços públicos de saúde.
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