Em declarações à saída de uma reunião de ministros da Defesa da UE, a ministra, que no início do mês já adiantara que Portugal deveria participar nesta missão de assistência militar às Forças Armadas da Ucrânia com “cerca de duas dezenas de militares”, apontou que a missão está neste momento a ser planeada entre os 27, mas apontou que Portugal já identificou as áreas privilegiadas de formação e confirmou a estimativa de participação de até 20 militares.
“Analisámos a nova missão da UE de apoio à Ucrânia, uma missão de assistência militar, de treino, em que vamos progredindo na respetiva organização. Portugal vai participar com até 20 militares, que vão treinar soldados ucranianos”, disse.
Apontando que “esta é a primeira missão de treino da UE em território europeu”, e que ainda “está neste momento a ser planeada”, Helena Carreiras notou que “há duas localizações neste momento onde estarão os quartéis-generais da missão, na Alemanha e na Polónia — no caso do treino básico na Polónia, no caso do treino mais especializado na Alemanha”, e, insistindo que ainda não foi decidida a distribuição de militares da UE, algo que espera que seja “concretizado muito em breve”, antecipou que haja militares portugueses nos dois países.
Helena Carreiras revelou que deverá igualmente haver “a possibilidade de oferta também de módulos de formação em vários outros países” da UE.
Questionada sobre se Portugal poderia acolher um desses módulos de treino, a ministra admitiu que sim, “se eventualmente for essa uma das possibilidades, se for adequado relativamente ao tipo de formação em causa”, do mesmo modo que também admite a possibilidade de Portugal “participar com outros países em módulos que sejam oferecidos noutros países”.
“Há uma possibilidade de podermos colaborar com Espanha, mas tudo isso está em definição neste exato momento”, declarou.
Definidas estão as áreas privilegiadas de treino identificadas por Portugal, “designadamente o treino básico, o treino de tiro, a área médica e a desminagem”, apontou.
Por outro lado, e recordando que há muito as autoridades portuguesas deram conta da sua disponibilidade para receber feridos ucranianos, Helena Carreiras revelou que “finalmente” há “um pedido da Ucrânia” no sentido de Portugal acolher feridos.
“Não sabemos ainda quantos, nem em que situação, mas naturalmente reiterámos a nossa vontade e capacidade de poder receber esses feridos. Veremos o que acontecerá nos próximos tempos”, declarou.
No dia em que o Conselho da União Europeia lançou formalmente a missão de assistência militar para treinar até 15 mil efetivos das Forças Armadas ucranianas — hoje discutida a nível de ministros da Defesa, depois de aprovada na véspera pelos ministros dos Negócios Estrangeiros -, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que participou no almoço de trabalho com os 27, desvalorizou o facto de esta missão de treino ser lançada apenas agora, quase nove meses depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, em fevereiro passado.
Stoltenberg enfatizou que os Aliados têm dado treino às forças ucranianas desde 2014, apontando que “sobretudo os Estados Unidos, o Reino Unido e o Canadá” ministraram “treino significativo”, na própria Ucrânia, desde a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia, há oito anos, e a formação tem prosseguido, fora do território ucraniano — só este ano já foram treinados 10 mil efetivos no Reino Unido, assinalou -, e muitas vezes com a participação de países que são membros da União Europeia.
Defendendo a importância de providenciar mais treino, “porque os ucranianos estão a travar uma batalha sangrenta e extremamente desafiante”, o secretário-geral da NATO saudou por isso “a decisão da UE de estabelecer uma missão de treino para as forças ucranianas”, reforçando que tal “complementa o que os aliados da NATO já têm feito” e que, advogou, se revelou extremamente importante.
“Dezenas de milhares de tropas ucranianas já foram treinados por aliados da NATO e isso ajudou os ucranianos a fazerem face à invasão da Rússia”, afirmou Stoltenberg.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada como a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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