O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, disse hoje, em Vila Real, que o plano de intervenção nas matas geridas pelo Estado vai ser apresentado na próxima semana, identificando com precisão os locais prioritários para esta ação de limpeza.
A intervenção, de acordo com o governante, vai incidir sobre as “áreas prioritárias” que já estão e vão continuar a ser objeto de limpeza.
“Propomos executar em todo o país cerca de 500 quilómetros da chamada rede primária, que é uma faixa com 120 metros de largo, que visa criar zonas de descontinuidade entre as manchas florestais para travar a progressão dos incêndios”, explicou.
A estes 500 quilómetros, juntam-se mais 300 quilómetros que já existiam, mas que estão cheios de mato e que vão também ser recuperados.
Segundo o governante, “nestas áreas, os proprietários que ficam privados de rendimentos irão ser ressarcidos pelo Estado”.
Em Vila Real, no decorrer de uma reunião com autarcas da região Norte, em que também esteve presente o ministro da Administração Interna, Capoulas Santos anunciou também outras medidas, “tais como o reforço dos sapadores florestais, em equipas e equipamentos, assim como novas regras para contratualizar com os pastores aquilo que tem vindo a ser chamado como as cabras sapadoras”.
“Trata-se de atribuir uma compensação financeira aos efetivos pecuários, ovinos ou caprinos, que pastoreiem estas faixas primárias numa determinada área e durante um determinado tempo, compensando os donos dos animais pela prestação desse serviço”, explicou.
Questionado sobre se as intervenções nas matas públicas terão de ser feitas até 15 de março, o ministro afirmou que o Estado terá de “respeitar a lei como todos os outros”.
“E, até lá, fazer tudo o que é possível porque a partir dessa data começa o verão e muitas dessas operações tornam-se perigosas, porque se trata de equipamento mecânico que na fricção com pedras pode provocar faúlhas”, ressalvou.
Apenas cerca de 3% da floresta em Portugal é pública. A esmagadora maioria, mais de 93%, da floresta em Portugal é privada.
Em todo o país, segundo o ministro, foram identificadas as zonas de maior risco, que correspondem a 189 municípios dos 308 do país, 1.049 freguesias e 1.400 aldeias.
“As zonas de maior risco são as que não arderam no ano passado e é aí que devemos concentrar os nossos esforços”, frisou.
“Obviamente que não é possível, num curto espaço de tempo, limpar todo o país de lés a lés e é precisamente por isso que o Ministério da Agricultura definiu quais são as áreas de maior risco”, salientou.
E continuou: “as dificuldades são conhecidas e mais do que estarmos agora a chorar sobre elas temos é de tentar ultrapassa-las com realismo e utilizando da melhor forma os recursos de que dispomos”.
Sem querer alimentar a polémica por causa da declaração de que se for preciso, os municípios deveriam cortar nas festas, Capoulas Santos frisou apenas que todos têm que fazer um “grande esforço de priorização de utilização dos recursos”.
“No caso do Ministério da Agricultara irei subsidiar menos a participação em feiras agrícolas”, exemplificou.
Comentários