Um dia depois do Dia Internacional da Mulher, assinalado no domingo com várias iniciativas e desfiles nas ruas no México, muitas mulheres mexicanas optaram hoje por não comparecer ao trabalho ou nas salas de aulas para sensibilizar e alertar a opinião pública para o aumento da violência de género.
“O que queremos (…) é que vejam que, se não estivermos presentes, a cidade não irá funcionar. Que somos muitas. O que irão fazer sem nós se estão a matar-nos?”, afirmou a advogada e apoiante da paralisação Viviana Mendez, em declarações à Associated Press (AP).
A ideia da paralisação de hoje era que cada mulher ficasse “invisível” durante 24 horas para que os respetivos colegas de trabalho, chefias, namorados ou maridos refletissem sobre a ausência feminina.
Segundo o relato da agência norte-americana, as principais ruas da Cidade do México, a capital do país, estavam hoje de manhã “vazias” de raparigas e mulheres.
A AP também noticiou que os efeitos da paralisação também eram notórios entre as jornalistas mulheres, relatando que na conferência de imprensa matinal do Presidente mexicano, Andres Manuel Lopez Obrador, muitos lugares estavam vazios.
“No México, é como estivéssemos num estado de guerra, estamos numa crise humanitária por causa do número de mulheres que desaparecem ou são mortas”, afirmou a coordenadora do Observatório Nacional do Feminicídio, Maria de la Luz Estrada.
Dados governamentais indicam que 3.825 mulheres mexicanas sofreram mortes violentas em 2019, um aumento de 7% em relação a 2018.
Este número representa que cerca de 10 mulheres são mortas diariamente no México, país que também tem registado, nos últimos anos, milhares de desaparecimentos entre a população feminina.
A prevenção deste tipo de crime tem-se revelado ineficaz no México e o número de condenações relacionadas com feminicídios é muito baixo.
Comentários