Na noite de quarta-feira para hoje voltaram a ocorrer incidentes, mas foram mais limitados que nas noites anteriores.
Em Sbeitla, ocorreram confrontos com a polícia após rumores sobre a morte de um jovem ferido nos dias anteriores com uma granada de gás lacrimogéneo.
O Ministério do Interior desmentiu a morte, indicando ter aberto um inquérito sobre as circunstâncias nas quais foi ferido o jovem, que foi transferido para um hospital em Sousse (leste).
Segundo os media, também se registaram incidentes em várias localidades à volta de Sidi Bouzid, cidade marginalizada do interior do país onde se iniciou a revolta que derrubou o regime do presidente Ben Ali há 10 anos.
Desde sexta-feira à noite que ocorrem confrontos entre a polícia e jovens de bairros populares, num contexto de forte tensão social depois da pandemia da covid-19 ter destruído milhares de empregos e perturbado fortemente o funcionamento das escolas.
O Ministério do Interior anunciou na segunda-feira de manhã ter detido 600 pessoas, a maioria menores. Responsáveis do ministério disseram à agência France Presse que foram feitas 70 detenções nas noites de terça-feira e quarta-feira.
Segundo a contagem das ONG, “estão detidas mil pessoas”, entre as quais muitos menores, indicou Bassem Trifi, da Liga Tunisina dos Direitos Humanos (LTDH), lamentando detenções “arbitrárias”.
“Alguns foram detidos sem ter participado nas manifestações, após intervenções na sua casa”, adiantou, numa conferência de imprensa que reuniu uma dezena de associações, incluindo o sindicato dos jornalistas e a associação tunisina dos jovens advogados.
Outros são indiciados e presos pelas suas atividades militantes ou publicações na rede social Facebook em apoio do movimento de protesto. Pelo menos um arrisca seis anos de prisão, segundo as ONG.
“Pedimos à justiça para ver com atenção os casos, não resolveremos a crise deste modo, isto só pode reforçar o fosso entre o povo e o governo”, sublinhou Trifi.
Num comunicado, as associações de defesa dos direitos humanos alertaram “para as consequências das práticas violentas da segurança (…) que vão apenas (…) agravar a crise de rejeição do Estado” e apelaram à justiça para investigar maus tratos e abusos.
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