Em comunicado, os mestres da Soflusa lamentaram os comentários e críticas, em especial nas redes sociais, referindo que a empresa tem obrigação de garantir condições aos seus utentes e trabalhadores.
“Caro (a) utente, quando você adquire um título de transporte, seja em forma de bilhete ou de passe mensal, está a celebrar um contrato com a empresa Soflusa. Entre outras obrigações, a Soflusa obriga-se a cumprir o horário comercial sem supressões ou atrasos, tem de assegurar as necessárias condições de segurança, o passageiro tem direito a um seguro para a viagem e é obrigação da empresa garantir boas condições sanitárias, entre outras”, explica o documento.
Os mestres salientam que faz sentido que os utentes exijam o cumprimento das obrigações da transportadora, frisando que, antes da recusa dos mestres em realizar horas extraordinárias, os problemas já existiam na empresa.
Segundo o documento, a Soflusa tem “navios em que a manutenção é deficiente porque não podem parar para manutenção/reparação; um pontão no Barreiro com o certificado caducado desde fevereiro e onde é ‘proibido’ desembarcar passageiros; falta de formação profissional aos trabalhadores; instalações obsoletas e degradadas; falta de conforto nas salas de embarque e falta de trabalhadores nas escalas de serviço”.
“O navio que foi alienado [Augusto Gil] atualmente fazia muita falt, e os trabalhadores em dez anos receberam 20 euros de aumento no vencimento depois de um pré-aviso de greve, porque somos considerados setor empresarial do Estado com os devidos cortes impostos pelo Estado”, acrescenta a nota.
Os mestres frisam que estão 17 pessoas “a fazer a o trabalho de 24” e que o anúncio da entrada de quatro mestres é já uma vitória, mas continuam a faltar funcionários, entre eles marinheiros, que fazem parte da tripulação.
Os profissionais referem ainda que ganham “pouco mais de mil euros”.
“Sabemos e temos consciência que muitos de vós não ganham este valor, mas como referimos, pelas funções e responsabilidades que temos a bordo e pelo que outras empresas do mesmo setor abonam aos seus funcionários, garantimos que é pouco”, acrescentam.
No seu entender, a greve é o último recurso e compete à empresa a apresentação de uma proposta para que as novas formas de luta sejam desconvocadas.
Os mestres da Soflusa cumprem hoje o último de uma greve parcial de dois dias, de três horas por turno, para defender a contratação de novos profissionais. A paralisação tem causado perturbações no serviço.
Devido à falta de entendimento com a empresa de transporte fluvial, foi anunciada uma nova paralisação entre 03 e 07 de junho, informou fonte sindical.
“A nova greve hoje anunciada será também parcial, de três horas por turno, e acontece pelos mesmos motivos: contratação de profissionais e alívio da carga de trabalho extraordinário”, avançou à Lusa Carlos Costa, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans).
Os utentes mostraram-se preocupados por a empresa e os mestres ainda não terem chegado a um entendimento, até porque a falta dos trabalhadores é “congénita”.
“Os utentes veem esta situação com preocupação porque a empresa fora do período da greve continua a ter de suprimir carreiras. O problema é congénito, não há tripulações, não há mestres e os barcos não podem andar”, frisou José Lourenço, da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro (CUSPAS).
Na quarta-feira, depois de uma reunião entre os sindicatos e o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, a Fectrans anunciou que as negociações na empresa vão ser reabertas.
Na reunião foram abordadas as matérias laborais transversais à empresa e as matérias que são objeto do pré-aviso de greve dos mestres da Soflusa, o que resultou num acordo em relação a três matérias, designadamente regulamento de carreiras, negociações salariais e contratação de pessoal.
Relativamente à contratação de pessoal, o governante deixou, segundo a Fectrans, a promessa de “reforçar os recursos humanos na Soflusa, portanto na área marítima, de forma a contratar até seis novos recursos”. A estes somam-se os quatro contratados recentemente e que deram origem à abertura de um concurso interno para quatro mestres para os navios.
Os mestres da empresa também começaram na quinta-feira uma greve às horas extraordinárias, que se deve prolongar até final do ano, devido à “falta de profissionais”.
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