“Sou da opinião (…) que devemos permitir um prazo razoável” aos partidos políticos britânicos para negociar uma saída da crise e, portanto, é “muito provável que (o prazo acordado pela União Europeia) seja mais longo do que o pedido pela primeira-ministra britânica (Theresa May)”, declarou Angela Merkel, diante dos deputados alemães.
Os líderes europeus reúnem-se hoje num Conselho extraordinário em Bruxelas para discutir o pedido de Theresa May para um adiamento da data de saída para 30 de junho. Londres fez este pedido depois do acordo de saída negociado com a União Europeia (UE), e defendido por May, ter sido rejeitado três vezes pelo Parlamento britânico.
Na terça-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, defendeu que a UE deve conceder ao Reino Unido uma extensão longa do Artigo 50.º, para evitar que o processo do ‘Brexit’ prossiga com uma série de curtas extensões e cimeiras de emergência.
Uma possível prorrogação do prazo tem de ser aprovada por unanimidade, ou seja, por todos os outros 27 Estados-membros que integram o bloco comunitário. Caso não seja concedida, o Reino Unido arrisca-se a sair da UE sem acordo já na próxima sexta-feira (dia 12 de abril).
Aos deputados alemães, Angela Merkel frisou que um ‘Brexit’ sem acordo “não é do interesse” da Alemanha.
A chanceler alemã realçou, no entanto, que o Reino Unido terá a possibilidade de sair da UE “mais rápido”, antes do fim do prazo de adiamento, se Londres conseguir “votar o acordo de saída”.
Na terça-feira, após um encontro com May em Berlim, a chanceler alemã considerou “possível” um adiamento “até ao início de 2020″, segundo relatou uma fonte que participou numa reunião da CDU (União Democrata-Cristã), o partido de Merkel, citada pelas agências internacionais.
Diante dos deputados alemães, Merkel sublinhou hoje novamente que, em caso de um adiamento prolongado, Londres deverá organizar eleições europeias e participar “de forma construtiva” nos processos de decisão no seio da UE.
Na segunda-feira, o Governo britânico estabeleceu medidas para preparar uma eventual participação nas eleições europeias a 23 de maio.
Merkel também avançou que irá encontrar-se hoje com o Presidente francês, Emmanuel Macron, antes do Conselho extraordinário, para tentar encontrar um compromisso sobre o prazo de adiamento a atribuir aos britânicos.
“Existirá hoje, antes do Conselho Europeu, uma reunião entre mim e o Presidente francês para acertar ainda as nossas posições e acho que vamos chegar hoje a um resultado que não será fracassado por um desacordo franco-alemão”, concluiu.
Theresa May também esteve na terça-feira em Paris, onde foi recebida por Macron.
Após o encontro, a Presidência francesa afirmou que Paris “não está contra a construção de uma outra solução” que afaste a saída do Reino Unido da UE sem qualquer acordo, mas salientou que quer “certos limites” e não “a qualquer preço”.
Em 21 de março passado, os líderes da UE recusaram a data de 30 de junho proposta por May, que volta a colocá-la em cima da mesa, agora com o compromisso de o Reino Unido realizar eleições europeias se não conseguir aprovar a lei para o ‘Brexit’ até ao escrutínio, que se realiza entre 23 e 26 de maio.
Quase três anos depois do referendo de 23 de junho de 2016, que decidiu a saída do Reino Unido da UE, o processo do ‘Brexit’ e os termos da futura relação entre Londres e o bloco comunitário composto por outros 27 países têm estado marcados nos últimos meses pela incerteza e pela imprevisibilidade.
Inicialmente, a data da saída britânica estava agendada para 29 de março.
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