À chegada ao novo quartel-general da NATO, que acolhe hoje uma reunião de chefes de Estado e de Governo da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg recordou que os dois grandes temas da reunião são o combate ao terrorismo e a partilha de encargos, e, relativamente a este segundo tópico – que os Estados Unidos colocaram na agenda, por considerarem que suportam um fardo demasiado pesado -, indicou que será decidida a apresentação de planos nacionais por parte dos 28 países-membros (em breve 29, com a adesão de Montenegro).
“Vamos acordar planos nacionais, assegurando que mantemos o novo ímpeto na partilha de encargos, investindo na nossa defesa. E isto é importante, porque este é um momento de definição para a nossa segurança e nós precisamos de uma Aliança forte e de um laço transatlântico forte”, declarou.
Stoltenberg insistiu que “todos os aliados têm que implementar o que todos acordaram em 2014”, quando os membros da NATO acordaram “travar os cortes (na Defesa), aumentar gradualmente as despesas, e chegar aos 2% (do Produto Interno Bruto) no espaço de uma década”, até 2024.
Esta questão é considerada prioritária pela nova administração norte-americana, liderada por Donald Trump, que participa hoje na capital belga na sua primeira cimeira da NATO desde que ocupa a Casa Branca.
Numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica a 31 de março passado, o novo secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, sugeriu que os aliados apresentassem planos nacionais a detalhar como pretendem cumprir as metas em matéria de despesas na área da Defesa.
O chefe de diplomacia norte-americano reforçou a mensagem de Washington de que os Estados Unidos suportam uma “quota desproporcionada” em defesa, comparativamente ao esforço financeiro dos outros 27 membros da NATO, e disse esperar respostas na cimeira de hoje.
“Os aliados que ainda não têm um plano concreto para consagrar 2% do PIB à defesa daqui até 2024 devem fazê-lo agora. Aqueles que já têm um programa para atingir 2% devem acelerar os seus esforços e mostrar resultados”, disse na ocasião.
Na semana passada, por ocasião de uma reunião em Bruxelas, o ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, disse que Portugal espera que não haja na cimeira de hoje “demasiada insistência” na questão orçamental, no quadro da partilha de encargos entre os membros da Aliança Atlântica, e que seja feita igualmente uma “avaliação qualitativa” dos esforços e contributos do país.
“Temos a certeza de que vamos convencer os nossos aliados de que Portugal cumpre essencialmente as suas obrigações e também demonstrarmos que uma avaliação qualitativa do nosso esforço é de elementar justiça, além das (avaliações) métricas e do reforço do investimento, que nós, aliás, temos mais ou menos como adquirido que pode ter que ser reforçado”, afirmou.
Na cimeira da NATO no País de Gales, os aliados comprometeram-se a, no espaço de 10 anos (até 2024), destinar 2% do Produto Interno Bruto a despesas militares, mas, de acordo com os dados do relatório de 2016 da Aliança Atlântica, publicado em 13 de março, no ano passado apenas cinco aliados atingiram ou ultrapassaram o objetivo acordado, designadamente Estados Unidos (3,61%), Grécia (2,36%), Estónia (2,18%), Reino Unido (2,17%) e Polónia (2,01%).
Nesta lista, Portugal surge na 12.ª posição entre os 28 Estados-membros, ao ter consagrado 1,38% do PIB a despesas na área da defesa, o que significa um aumento face a 2015 (1,32%) e a 2014 (1,31%), mas aquém dos valores registados entre 2009 (1,53%) e 2013 (1,44%).
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