A Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos, que congrega mais de 100 clínicos representantes de todos os distritos médicos de Portugal, esteve reunida na segunda-feira e aprovou um documento a expressar que os médicos se sentem "frustrados e revoltados" por muitas vezes não conseguirem responder às necessidades das pessoas, segundo o documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso.

Falta de pessoal, equipamentos "fora de prazo" e sem manutenção e falhas de material clínico adequados são os principais problemas apontados pelos profissionais. Os médicos "não vão ficar de braços cruzados perante uma injustiça sem precedentes que está a afetar de forma insidiosa os portugueses e os profissionais de Saúde", refere o documento.

Para os mais de 60 médicos presentes no encontro é que aprovaram o texto, "o estado da Saúde já não permite qualquer atitude expectante".

"A partir deste momento justificam-se plenamente todas as formas de protesto e de intervenção construtiva que os médicos entendam levar a cabo", referem.

O bastonário Miguel Guimarães lança também um apelo à "união de todos os médicos e a uma participação robusta" de todos os profissionais numa "onda de contestação positiva".

Para o bastonário, a tomada de posição da Assembleia de Representantes é histórica, uma vez que este órgão não se pronuncia habitualmente sobre matérias de cariz tão político.

Em declarações à Lusa, o bastonário disse que o movimento de contestação à atual política "já não é só da Ordem ou dos sindicatos", mas da esmagadora maioria dos profissionais.

Miguel Guimarães vai promover reuniões com todas as direções das associações e sociedades científicas e com os colégios de especialidade para debater a atual situação da saúde e para incentivar à "contestação positiva".

A Assembleia de Representantes aprovou ainda uma referência à greve dos médicos, responsabilizando o ministro da Saúde e o Governo "por todos os atrasos e constrangimentos que afectaram" os doentes durante os três dias de paralisação na semana passada.