A decisão foi transmitida aos jornalistas no final de uma reunião do Fórum Médico, que decorreu na sede da Ordem dos Médicos, por dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
"O ministro da Saúde [Adalberto Campos Fernandes] está a faltar a um compromisso que está a conduzir a uma degradação do Serviço Nacional de Saúde e dos cuidados primários e hospitalares", disse o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.
De acordo com o dirigente, a falta de respostas aos problemas apresentados pelas organizações representativas dos médicos, leva-os a "mostrar o cartão vermelho" ao Ministério da Saúde.
Além do SIM e da FNAM, integram o Fórum Médico a Ordem dos Médicos, a Associação Portuguesa dos Médicos de Medicina Geral e Familiar, a Comissão Nacional do Médico Interno, entre outras organizações representativas destes profissionais.
As organizações acusam o ministro da Saúde de não ter retomado negociações com os médicos desde a última greve, realizada em novembro, para resolver os problemas profissionais.
"Vamos dar dois meses ao ministro da Saúde para resolver os problemas, e caso a situação não mude, os médicos vão fazer três dias de greve no final do primeiro trimestre" deste ano, disse Roque da Cunha.
As organizações reclamam a abertura de concursos para especialistas, a redução das horas extra nas urgências de 18 para 12, a diminuição do número de utentes em lista de espera de 1.900 para 1.550 e a diminuição das horas extraordinárias para 200 por ano.
No final da reunião, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, disse aos jornalistas que a entidade "estará sempre do lado dos médicos na aplicação das formas de luta que entenderem".
"A greve é uma decisão plausível e aceitável", comentou o bastonário, manifestando "bastante preocupação com os cuidados de saúde em Portugal".
"Há desigualdades no acesso à saúde, e a qualidade dos cuidados de saúde está a decair", disse o bastonário, acrescentando que irá apresentar um caderno de propostas ao Ministério da Saúde para combater esta situação.
Entre essas propostas estão a realização de uma auditoria aos hospitais públicos, a diminuição dos 4.000 médicos especialistas em falta no Serviço Nacional de Saúde e a melhoria dos equipamentos nas unidades de saúde.
Sobre o atraso na abertura de concursos para médicos especialistas, Miguel Guimarães considerou uma "vergonha nacional" e "inaceitável" que "cerca de 700 jovens especialistas formados estejam disponíveis e à espera" de colocação.
[Notícia atualizada às 22h54]
Comentários