De acordo com as mesmas fontes, devido à subida das águas, até às 14:00 foram retiradas de casa cerca de 200 pessoas das localidades de Formoselha e Santo Varão e outras 55 da povoação de Pereira, localizadas na margem esquerda do Mondego, junto ao rio.
A agência Lusa constatou a retirada de diversas pessoas de casas na localidade de Formoselha, como foi o caso de um idoso em cadeira de rodas, retirado com o apoio da GNR, ou uma mulher, levada para local seguro numa embarcação dos bombeiros, cuja casa situada junto aos campos agrícolas, mais perto do rio, tinha no interior mais de um metro de água, "já acima das mesas", contou.
Ouvido pela Lusa, o presidente da autarquia, Emílio Torrão, justificou a evacuação devido ao canal principal por onde o rio Mondego corre "estar dimensionado para um caudal de 2.000 metros cúbicos por segundo (m3/s) e em Montemor-o-Velho estar nos 2.400 m3/s".
"Há um risco efetivo de transbordo e de rotura dos diques. E se um dique ruir, a água [do Mondego] na margem esquerda chega às casas numa questão de segundos", avisou.
A meio da manhã de hoje, em comunicado, o município de Montemor-o-Velho tinha alertado, "para a necessidade da evacuação, em caso de emergência, das zonas sensíveis inundáveis de Pereira, Santo Varão e Formoselha", face à subida "crítica" do nível das águas.
Nestas localidades, as pessoas que não possam ser acolhidas em casa de familiares, estão a ser direcionadas para o Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia (Pereira), Centro Beira Mondego, em Santo Varão e Escola Primária de Formoselha, disse fonte da autarquia.
Outro aviso, publicado na página do município na rede social Facebook, alerta a população "das zonas baixas, historicamente sensíveis a cheias" da margem direita do Mondego - Carapinheira, Montemor-o-Velho, Meãs do Campo, Tentúgal e Ereira - "para tomarem medidas de prevenção e autoproteção devido à possibilidade de cheia", embora se situem em local mais afastado do leito principal do rio do que as povoações da margem esquerda.
No aviso, o município apela a que os residentes destas localidades se mantenham calmos, vigilantes e transmitam "serenidade aos outros", façam "uma lista e recolha os objetos importantes e necessários, nomeadamente documentos de identificação e medicamentos" e mudem o recheio da casa para os andares superiores "colocando os objetos de maior valor nos pontos mais altos".
Face à dimensão nas inundações no Baixo Mondego, Emílio Torrão disse ainda que o ministério da Administração Interna (MAI), disponibilizou um helicóptero para avaliação dos prejuízos a partir do ar, estando previsto que a aeronave sobrevoe a região afetada, levando a bordo os autarcas de Montemor-o-Velho e Coimbra, o Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS) e um técnico da Agência Portuguesa do Ambiente.
A passagem da depressão Elsa provocou em Portugal dois mortos, um desaparecido e deixou 144 pessoas desalojadas, registando-se entre quarta-feira e hoje cerca de 9.500 ocorrências no continente português, na maioria inundações e quedas de árvore, envolvendo cerca de 25 mil operacionais.
O mau tempo provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.
O IPMA alertou para os efeitos de uma nova depressão, denominada Fabien, que atingirá Portugal hoje, em especial o Norte e o Centro, estando previstos intensos períodos de chuva e vento forte de sudoeste, com rajadas que podem atingir 90 km/hora no litoral norte e centro e 120 km/hora nas terras altas.
Os efeitos da depressão Fabien não deverão ter em Portugal continental a mesma intensidade do que os da tempestade Elsa, prevendo-se uma melhoria gradual do estado do tempo a partir de domingo.
Os distritos do Porto, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Braga vão estar entre as 21:00 de hoje e as 12:00 de domingo em aviso vermelho, devido à agitação marítima, a que se soma Vila Real, por causa de fortes rajadas de vento, que podem atingir 140 quilómetros/hora.
Comentários