"Pela ação de combate político determinado que desenvolveu em prol das liberdades e da democracia, primeiro, e depois da consolidação de uma democracia moderna, constitucional, pluralista, Mário Soares tem direito ao reconhecimento da pátria e tem obviamente o direito a ocupar um lugar de grande relevância na história no nosso país", afirmou Ramalho Eanes, numa declaração aos jornalistas.
Mário Soares morreu sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.
"A determinação, a coragem e a coerência foram sempre traços caraterísticos da ação política desenvolvida por Mário Soares", disse Ramalho Eanes, que antecedeu a Mário Soares no cargo de Presidente da República, entre 1976 e 1986.
Ação política que, num primeiro momento, foi desenvolvida em defesa das liberdades e da democracia, contra o regime salazarista e, depois, no "tempo de Abril", na "tumultuosa transição democrática", recordou.
"E, depois, de combate político democrático já na institucionalização e consolidação da democracia (…). Ação de primacial importância teve ainda na consolidação da democracia ao desenvolver uma ação política que nos permitiu entrar na então comunidade económica europeia", acrescentou Ramalho Eanes, que falava aos jornalistas no seu gabinete de trabalho, em Lisboa.
O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.
O corpo do antigo Presidente da República vai estar em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos a partir das 13:00 de segunda-feira, e o funeral de Estado realiza-se a partir das 15:30 de terça-feira, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.
Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
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