Com um total de cerca de 1.400 participantes e mais de 80 drones a ser experimentados, o REPMUS 2023 (“Robotic Experimentation and Prototyping Augmented by Maritime Unmmanned Systems”) é o maior exercício de experimentação operacional de sistemas não tripulados do mundo, realizado em Troia e Sesimbra.
Em declarações à agência Lusa, o comandante António Mourinha, diretor do Centro de Experimentação Operacional da Marinha (CEOM), explicou que o REPMUS 2023 “tem como objetivo principal providenciar a experimentação operacional de novas tecnologias, sobretudo no âmbito da robótica marítima, portanto, o desenvolvimento de sistemas não tripulados para emprego marítimo, sejam eles aéreos, de superfície, submarinos ou terrestres”.
O exercício, que vai na sua 13.ª edição, conta com 15 marinhas participantes - a maior parte da NATO - e 11 observadoras, “várias organizações” da Aliança Atlântica e ainda mais de 40 entidades, entre representantes de indústrias e academia.
Questionado sobre o uso destes drones, o comandante detalhou que estes sistemas não tripulados podem ter várias utilizações, “desde logo, na guerra”, mas não só.
“Há outras missões que beneficiam destas tecnologias. Uma delas é daquelas onde Portugal mais necessita, que é no âmbito da vigilância marítima”, destacou, salientando que o país tem “uma das maiores zonas marítimas exclusivas da Europa” e precisa de “capacidade de vigilância desta zona” e capacidades de “investigação marítima nestes espaços”.
Neste contexto, afirmou que estas tecnologias “são essenciais” para Portugal exercer as suas “funções de soberania e de jurisdição nestes espaços enormes e que tão importantes são” para o país.
“Por outro lado, outro exemplo é na proteção de infraestruturas críticas submarinas como, por exemplo, os cabos submarinos que atravessam o Atlântico e que são fundamentais para a economia atual, globalizada, e para os fluxos de internet, incluindo transações económicas”, sublinhou.
Os drones podem ainda ser usados “na busca e salvamento marítimo, para mais depressa detetar náufragos” e, em alguns casos, existem drones preparados para “lançar boias de salvamento para os náufragos”.
Podem também ser usados “em salvamento urbano, onde há drones que conseguem levantar um acidentado e transportá-lo para uma localização segura” – sistemas que estão a ser testados.
Neste exercício – que arrancou no passado dia 11 – existe uma troca de experiências entre os participantes, mas também “um desenvolvimento da capacidade de operar em conjunto”, referiu António Mourinha.
“Aquilo que nós militares chamamos de interoperabilidade, que é nós podermos trabalhar em conjunto com drones de várias marinhas em prol de uma mesma missão. Isto é fundamental, por exemplo, para organizações como a NATO, em que nós temos que nos preparar para operarmos em missões com outros países e com outras forças”, explicou.
Além do exercício em si, os participantes vão poder integrar ‘workshops’ que juntam peritos das marinhas presentes para discutir temas variados, desde a experimentação operacional e avaliação destas tecnologias, a exploração da informação que é recolhida por estes sistemas ou ainda os desafios legais que o emprego destas novas tecnologias trazem.
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