“Não comento antigos Presidentes da República ou futuros Presidentes da República. Não comento, mas quero dizer o que já disse também muitas vezes, que um antigo Presidente da República não perde a sua cidadania e portanto tem direito a exercer a cidadania como entende”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, depois de ter sido questionado sobre a entrevista à CNN Portugal do ex-chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva.
O Presidente reiterou que, quando deixar o cargo, vai manter o “distanciamento da intervenção política”, por considerar que deve “dar espaço àqueles que em cada momento estão a intervir politicamente”.
“Tenho a sensação – mas isso é a minha leitura – que depois fica obsessivo, tudo aquilo que se disser - mas é também por isso que não escrevo memórias - passa a ser uma autojustificação ou uma afirmação pessoal ou uma comparação constante. E acho que às tantas os portugueses se cansam e cansam-se legitimamente”, acrescentou, à margem do Concurso Nacional de Leitura, na Costa da Caparica, Almada, no distrito de Setúbal.
“Mas essa é a minha interpretação, há pessoas que conseguem fazer isso sem cansar. Eu não vou ter esse mérito, já cansei tanto que não quero cansar mais”, disse ainda.
Segundo garantiu, quando deixar o cargo, não voltará aos comentários na televisão, não será colunista na imprensa ou cronista nas rádios e não voltará a dar aulas.
Além disso, espera “não ter de ser tão intenso” como já foi no passado.
"Mas às vezes tem de se ser intenso, não esperava ver o estado de emergência [por causa da pandemia], não espera L dissolução [do parlamento, em 2021], tive ser mais intenso na intervenção", afirmou.
Uma das coisas que disse ponderar fazer quando deixar de ser Presidente é percorrer escolas, ler mais e “estimular mais a leitura”.
Marcelo congratulou a iniciativa do Concurso Nacional de Leitura, organizado pelo Plano Nacional de leitura, que disse estar “cada vez melhor de ano para ano” e a “puxar por aquilo que é fundamental para que um país mude”, porque “é pela leitura que muito começa”.
O Presidente apelou aos portugueses para lerem no verão, um período em que a maioria tem férias, destacando que quem não pode comprar livros tem uma rede de bibliotecas à disposição em todo o país, que voltaram a funcionar em pleno depois de em boa parte do ano de 2020 terem estado encerradas por causa da pandemia de covid-19.
Lembrando as estatísticas que dizem que 61% dos portugueses não leu um livro em 2020, Marcelo pediu para o país ler mais livros, para “fazer esse esforço”.
“Não é por acaso que noutros países e na Europa estão a frente de nós na leitura e estão à frente nas outras coisas também”, afirmou.
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