“Nas relações com Moçambique, temos vindo a olhar com atenção para os domínios de possível colaboração económica e financeira, atentos aos ruídos que de vez em quando surgem, atentos aquilo que de vez em quando distrai do fundamental”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Atentos ao que classifica como “ruídos”, mas sem os tomar pelo essencial da relação, defendeu o chefe de Estado, num discurso durante uma receção à comunidade portuguesa, em Maputo.
“Talvez não seja fruto do acaso ser o Presidente português o único chefe de Estado da União Europeia (UE) a estar presente na posse do Presidente moçambicano. Nós não trocamos o essencial pelo acessório, não trocamos o vital pelo passageiro porque já andamos nisto há quase 900 anos”, acrescentou.
Para o chefe de Estado, “todos os dias está nas mãos do poder político português levar mais longe a empatia com o poder político moçambicano”, assim como está nas mãos da comunidade portuguesa – que se estima ronda as 23 a 25 mil pessoas – “levar mais longe a relação com Moçambique”.
Já antes, durante um evento na Escola Portuguesa de Maputo, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “Portugal vai sempre apostar em Moçambique”.
“Nós apostamos sempre nos nossos irmãos, é um princípio básico, família é família”, justificou.
O voto de confiança na relação entre os dois países foi expresso um dia antes de assistir à tomada de posse de Filipe Nyusi para o segundo mandato como Presidente de Moçambique.
A cerimónia levou Marcelo a realizar uma visita de cinco dias ao país, iniciada na segunda-feira.
No final de 2019, as agências de ‘rating’ financeiro começaram a tirar Moçambique do nível de incumprimento, o mais baixo de todos, depois de o país ter renegociado o pagamento dos títulos de dívida soberana.
Parte do problema foi criado devido a dívidas ocultas de 2,2 mil milhões de dólares contraídas pelo Governo moçambicano entre 2013 e 2014, à revelia do parlamento e parceiros, e que agora são alvo de investigações judiciais.
O país espera dar um salto nos níveis de crescimento económico dentro de quatro anos quando arrancarem os projetos de exploração de gás natural que o vão colocar no ‘top 10′ de produtores mundiais.
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