“Já é a terceira vez que se fala nisso, é um ponto de facto que o Presidente Cavaco nomeou os quatro membros do Governo que têm relações familiares, em novembro [de 2015]”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à RTP, em Almada, distrito de Setúbal.
O Presidente da República defendeu que "é um facto" quem fez as nomeações.
“Nomeou pensando, bem, que eram competentes e ninguém lhe perguntou nem questionou na altura, como não o questionou até hoje. É um facto histórico, nomeou, nomeou”, salientou.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que todos tinham “assento em Conselho de Ministros” e que continuam a ter, frisando que “a essência não mudou”.
O antigo Presidente da República Cavaco Silva afirmou hoje que "não há comparação possível" entre o Governo a que deu posse em 2015 e o atual executivo, no que concerne às relações familiares.
"De facto, não me recordo de ter conhecimento completo - já foi há muitos anos - entre relações familiares dentro do Governo, mas, por aquilo que li, não há comparação possível em relação ao Governo a que dei posse em 2015. E, segundo li também na comunicação social, parece que não há comparação em nenhum outro país democrático desenvolvido", afirmou Cavaco Silva, quando questionado sobre a questão das relações familiares no Governo.
O ex-chefe de Estado começou por dizer que não queria tomar posição pública sobre a atualidade política, mas perante a insistência dos jornalistas relativamente ao caso das relações familiares no Governo acabou por responder, salientando o desconhecimento que tinha sobre a situação.
"Nos últimos dias aprendi bastante sobre as relações familiares entre membros do Governo e confesso que era bastante ignorante em relação a quase tudo aquilo que foi revelado, mas entendo que não devo fazer qualquer comentário porque já foi dito tudo ou quase tudo e eu não acrescentaria nada de novo", afirmou.
Cavaco Silva adiantou, depois, que "por curiosidade" foi verificar a composição dos três governos em que foi primeiro-ministro e não detetou lá nenhuma ligação familiar.
Confrontado com o facto de ter dado posse ao atual Governo, liderado por António Costa, o antigo chefe de Estado destacou que considera que a escolha dos membros do executivo compete ao primeiro-ministro.
Além disso, acrescentou, a atual composição do Governo já não é a mesma.
Na quinta-feira, quando instado a comentar as críticas às relações familiares no seio do Governo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que se limitou a aceitar a designação feita por Cavaco Silva, "que foi a de nomear quatro membros do Governo com relações familiares, todos com assento no Conselho de Ministros".
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que aceitou essa solução "partindo do princípio de que o seu antecessor, ao nomear aqueles governantes, tinha ponderado a qualidade das carreiras e o mérito para o exercício das funções".
"Depois disso, não nomeei nenhum outro membro com relações familiares para o exercício de funções no executivo e com assento no Conselho de Ministros", salientou.
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