A discursar nas Nações Unidas, no âmbito da tomada de posse de António Guterres para um novo mandato à frente da organização, Marcelo Rebelo de Sousa disse que, "tal como há cinco anos", existe hoje a "forte convicção de que Antonio Guterres é particularmente adequado à função".
Num balanço dos últimos cinco anos, Marcelo considerou que Guterres "cumpriu as expectativas", apesar de os desafios que encontrou terem sido, esses sim, imprevistos.
"Atrevo-me a dizer que António Guterres provou ser a pessoa certa no tempo certo e a confiança que mais uma vez lhe atribuímos hoje é uma evidencia sólida disso", acrescentou.
"Sabíamos que seria difícil, mas não quão difícil", disse. "Enfrentamos hoje tempos de maior incerteza e todos sabemos — e todos temos de saber — que não possível enfrentar estes desafios sozinho e que ninguém pode ficar para trás", enunciou.
Olhando para o futuro, Marcelo reiterou que "a visão de António Guterres, a sua persistência, a sua audácia, a sua justiça e o seu espírito solidário serão também fundamentais nos próximos cinco anos. Portugal está grato a todas as Nações aqui unidas, hoje, por reafirmarem a sua confiança no candidato que apresentámos", acrescentou.
Ainda neste discurso transmitido em direto pelas Nações Unidas através da Internet, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou "o empenho destemido" de António Guterres "num multilateralismo eficaz e eficiente" e considerou que este atributo "é complementado por algo talvez mais raro e mais precioso: ele é um multilateralista compassivo".
"Para ele, colocar as pessoas no centro da sua ação não é apenas uma escolha, é um imperativo. Ele continua a tradição dos seus ilustres antecessores que encarnaram o espírito da Carta [das Nações Unidas]: conduzir as Nações Unidas ao serviço de 'nós, os povos'", declarou o Presidente da República, lembrando que conhece António Guterres "há 55 anos".
Numa referência ao consenso em torno do nome de António Guterres, o Presidente da República de Portugal disse que tal é um exemplo de que "podemos juntar-nos, superar as diferenças, promover o consenso e unir-nos para servir os nossos povos", concluiu.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, prestou hoje juramento e tomou posse para um segundo mandato durante uma sessão plenária da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O final do segundo mandato assinalará 10 anos desde que António Guterres tomou posse como secretário-geral da ONU, em dezembro de 2016.
A 08 deste mês, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, com 15 Estados-membros, aprovou por unanimidade um documento que seguiu para a Assembleia Geral, de 193 Estados-membros, para recomendar a recondução de António Guterres no cargo de secretário-geral.
A recandidatura de António Guterres, para que o antigo primeiro-ministro português e antigo alto-comissário da ONU para os Refugiados se disponibilizou no início deste ano, foi oficialmente anunciada pelo Governo português a 24 de fevereiro, com uma carta assinada pelo atual chefe de Governo, António Costa, e endereçada aos dois órgãos da ONU.
Em março, António Guterres divulgou a sua visão para um segundo mandato e, a 07 de maio, apresentou-se para uma sessão de diálogo informal na Assembleia Geral, onde respondeu a perguntas dos Estados-membros e sociedade civil sobre como pretende dirigir as Nações Unidas nos próximos cinco anos e onde ouviu elogios vindos de representantes dos mais variados países pelo seu primeiro mandato.
Na altura, o secretário-geral propôs-se continuar no cargo como "construtor de pontes" e "intermediário honesto", com o objetivo de enfrentar "riscos existenciais", como a crise climática, degradação ambiental, desigualdades, ciberataques, proliferação nuclear, ou violações de direitos humanos.
"O secretário-geral sozinho não tem todas as respostas, nem procura impor seus pontos de vista", afirmou António Guterres em maio, defendendo o apoio mútuo entre a ONU e os 193 Estados-membros, posicionando-se como "convocador, um mediador, um construtor de pontes e um intermediário honesto" para ajudar a encontrar "soluções que beneficiem a todos".
Satisfeito com "alguns progressos", Guterres declarou ser preciso "superar alguns dos legados do século 20 e uma série de contradições" na ONU, como as guerras e "conflitos que são mais complexos que nunca".
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