Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia comemorativa do Dia da Marinha do Tejo, fez uma comparação entre a situação financeira e económica de Portugal e o Tejo: “manter a tradição mas a pensar no futuro”.
“Tivemos ontem com a Fitch a primeira boa notícia de uma agência de rating ao fim de cinco anos e meio, mas é preciso não haver deslumbramentos, as pessoas manterem os pés assente na terra, o trabalho continuar, primeiro porque é preciso confirmar a decisão definitiva da Fitch no fim do ano, depois porque há outras agências de rating a pronunciar-se, depois porque Portugal exige crescimento, emprego, mas redução da dívida e controle do défice, e este equilíbrio vai ter que continuar”, disse.
O Presidente da República destacou a importância deste sinal dado pela Fitch, que “normalmente significa, daí por uns meses, uma mudança de rating”.
“Se for assim, eu penso que há vários compradores da dívida publica portuguesa que estão à espera dessa mudança para comprar de forma significativa”, acrescentou.
Para o chefe de Estado, isso pode ser uma ajuda: “além da diminuição do défice, além do crescimento da economia, uma ajuda fundamental é se, de repente, já com outro 'rating', vierem investidores institucionais estrangeiros comprar de uma maneira significativa a dívida pública portuguesa”.
Para o Presidente da República, isso significa que “a dívida pública passa para prazos longuíssimos, com taxas de juro muito mais baixas e aquilo que durante muito tempo foi um pesadelo poder converter-se numa realidade mais fácil de gerir”.
Cauteloso, Marcelo Rebelo de Sousa destacou que as agências de notação financeira não mudam de repente, mudando primeiro a perspetiva – neste caso, de estável para positiva - e só depois de “escalão”, e mostrou-se cauteloso, instando à continuação do trabalho para “consolidar no orçamento para 2018 e para os próximos anos o que foram cinco anos e meio de sacrifício”.
Recordando que maio foi o mês em que o Banco Central Europeu (BCE) comprou o valor mínimo da dívida pública portuguesa, salientou que “já não foi preciso o BCE comprar e mesmo assim as emissões desceram significativamente de juro”.
“Os mercados financeiros percebem quando está a haver uma recuperação financeira e uma recuperação económica. Aqui perceberam e a União Europeia ajudou porque reconheceu publicamente, e quando começaram a perceber, começaram a mudar e, por isso, nós não podemos dizer sequer que tenha havido, nos últimos tempos, muita compra de dívida pública portuguesa por parte do BCE. Para Portugal isso já começou a descer progressivamente e atingiu o ponto mínimo no mês passado”, concluiu.
O Presidente da República participou nas cerimónias da Marinha do Tejo, que enalteceu, juntamente com a Armada Portuguesa, pela persistência na preservação e dignificação da História e pela aposta no futuro”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o Tejo é “uma causa nacional, virada para o futuro”.
Considerando que a ligação ao Tejo é uma “realidade indiscutível” quando se pensa em Lisboa, lamentou os anos em que o crescimento lisboeta foi feito de costas para o Tejo, realidade que mudou no final dos anos 80, mantendo-se até hoje.
O chefe de Estado considera que esta tradição tem de ser mantida, mas que “importa olhar para o futuro”: ver mais embarcações, mais juventude e mais atividades desportivas no Tejo, mas também uma maior ligação, não apenas de Lisboa mas de toda a realidade banhada por este rio.
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