O estudo foi feito pela National Geographic Society e outras entidades como a Sustainable Fisheries Group (SFG), da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, a organização internacional Global Fishing Watch, e o projeto Sea Around Us, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.
Centrados na economia da pesca em alto mar, os participantes no trabalho concluíram que 54% da indústria pesqueira em águas internacionais não seria lucrativa na escala atual sem grandes subsídios governamentais.
Publicado hoje na revista científica Science Advances, o estudo revela que o custo global da pesca em alto mar variou entre os 6,2 mil milhões de dólares e os oito mil milhões de dólares em 2014 (entre 5,3 e 6,8 mil milhões de euros).
Os resultados da atividade variaram entre prejuízos de 364 milhões de dólares e lucros de 1,4 mil milhões de dólares (entre 311 milhões e 1,2 mil milhões de euros).
O alto mar, que não pertence a águas territoriais e zona económica exclusiva de nenhum Estado, cobre 64% da superfície dos oceanos e é dominado por um pequeno número de países, que recolhem a maior parte dos benefícios de pescar nessa zona partilhada internacionalmente.
Usando nomeadamente imagens de satélite os investigadores concluíram, mas palavras de Enric Sala, da National Geographic e principal autor do estudo, que "sem subsídios e trabalho forçado, a pesca não seria lucrativa em mais de metade das áreas exploradas no alto mar”.
Os investigadores combinaram sistemas de identificação automática e de monitorização de embarcações e conseguiram perceber o comportamento individual dos navios pesqueiros, a atividade de pesca e outras características de 3.620 embarcações, em tempo quase real. E depois combinaram as informações com dados globais do projeto Sea Around Us.
Do estudo conclui-se ainda que a pesca ocorre durante quase 10 milhões de horas por ano em 132 milhões de quilómetros quadrados (57%) do alto mar.
Foram identificados locais de pesca perto do Peru, Argentina e Japão que são dominados por frotas de pesca à lula da China, Taiwan e Coreia do Sul. Na pesca de arrasto foi registada muita atividade no noroeste do Atlântico e são também importantes as atividades das frotas de pesca de atum no Pacífico central e ocidental. Em termos gerais as capturas andam à volta dos 4,4 milhões de toneladas por ano.
“Em muitos locais do alto mar os subsídios estão a sustentar a pesca em níveis além do que seria economicamente racional”, disse Christopher Costello, do SFG, considerando que com reformas e subsídios direcionados era possível poupar dinheiro e reconstituir os recursos pesqueiros.
No documento também se sugere que as empresas de pesca podem estar a pescar mais do que dizem, ganhando mais dinheiro enquanto pressionam os governos para terem mais subsídios.
“Mesmo que alguma pesca no alto mar seja lucrativa a pesca da lula e a pesca de arrasto não fazem sentido sem subsídios. Os governos estão a canalizar enormes quantias dos contribuintes para uma indústria destrutiva”, conclui Enric Sala.
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