“Há um movimento associativo que está empenhado. (…) Estamos mobilizados para esta manifestação”, convocada para “um dia em que não é fácil” mobilizar pessoas, por ser um dia de trabalho normal, afirma à Lusa Timóteo Macedo.
“Vamos fazer uma grande manifestação com uma concentração e jornada de luta em frente à Assembleia” da República, promete o dirigente da maior associação de imigrantes do país, com 150 mil associados e quase 200 nacionalidades.
O objetivo da manifestação é pedir o regresso das manifestações de interesse, um recurso jurídico, suspenso em junho, que permitia a regularização de quem tivesse chegado a Portugal com visto turístico e tivesse 12 meses de descontos para a segurança social.
Timóteo Macedo promete lutar pelos direitos dos mais frágeis, essenciais para a economia portuguesa, como referem várias associações empresariais.
“A extrema-direita está a crescer em Portugal e na Europa, com o apoio do Pacto Europeu [da Migração e Asilo], que foi aprovado também por muitos deputados” portugueses e assiste-se a uma tendência protecionista, desde o “fecho de fronteiras na Alemanha” à construção de “centros de detenção de imigrantes fora do espaço da UE”.
Esta tendência corresponde a “ciclos que se repetem”, mas “a extrema-direita não tem terreno” em Portugal: “Vamos fazer combate, vamos fazer-lhes frente”, promete Timóteo Macedo, que acusa os movimentos populistas de violarem a própria moral ocidental que dizem defender.
“Não aceitamos que haja gente em Portugal que seja contra os direitos humanos e a dignidade da pessoa humana, por isso vamos continuar a lutar pelos nossos direitos, pelos direitos dos imigrantes que bem que merecem ser respeitados na sua dignidade”, acrescenta o dirigente, apelando à participação de todos na manifestação de sexta-feira.
“Queremos a solidariedade dos portugueses e de todos os imigrantes, tenham documentos ou não”, porque “isto não é só para quem não tem ainda documentos ou tem problemas” no seu processo pessoal de regularização, mas para “toda a gente que luta pela dignidade do ser humano, que luta pela solidariedade ativa para com os mais fracos”.
O objetivo final do coletivo de 50 associações que promovem a manifestação é “o retomar de um processo que regularize de uma forma permanente” as pessoas que estão a trabalhar e a contribuir em Portugal, em vez de “soluções excecionais para alguns”, como o que sucedeu com desportistas ou outras categorias de imigrantes.
Uma das questões que preocupa Timóteo Macedo é o facto de o governo estar a criar duas portas de entrada de regularização, uma para os oriundos dos países de língua portuguesa e outra para os restantes.
“Não estamos contentes com isso, é preciso que as que as vozes se levantem pela igualdade, para que todos sejam tratados da mesma forma”, afirma, recordando a Constituição da República Portuguesa diz que “ninguém pode ser discriminado em função do país de origem, em função da língua, em função da religião, em função do sexo ou da etnia”.
Mas o atual executivo está “a discriminar uns em função de outros, uns que falam português e outros que não falarão português”, uma estratégia que Timóteo Macedo diz corresponder a “políticas de assimilação”, em vez de integração, numa “postura neocolonial” e “tentativas de políticas islamofóbicas”.
O ativista lamenta que a estratégia vise “receber apenas as pessoas que mais se identificam” com os portugueses: “Que possivelmente têm a nossa própria religião, com cultura semelhante, falam a nossa língua” e que por isso são mais facilmente integrados.
Em contrapartida, o dirigente da Solidariedade Imigrante defende que, “independentemente da religião que tiverem”, todos “são bem-vindos, porque as pessoas vêm para ajudar o país”.
“As pessoas vêm por bem, portanto as pessoas merecem estar aqui e merecem ter os mesmos direitos”.
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