Horacio Maidana contou ao coletivo de juízes que Portugal já aceitou o pedido de extradição da Argentina, explicando que, assim que isso acontecer, não irá “viver muito tempo” no seu país, pois será "morto". Por isso, assumiu que, quanto mais elevada for a condenação, "melhor". Contudo, a extradição para a Argentina só acontecerá após cumprir parte da pena a que for condenado.
Rodolfo "El Ruso" Lohrman, considerado o líder deste grupo, e que se remeteu hoje ao silêncio na primeira sessão de julgamento, e Horacio Maidana, de 53 e 57 anos, detidos preventivamente na prisão de alta segurança de Monsanto, em Lisboa, são suspeitos de realizar, em 2003, em conjunto com outros elementos, o sequestro de Christian Schaerer, à data com 21 anos, estudante de direito e filho de um empresário da província de Corrientes, perto da fronteira com o Paraguai.
Os autores exigiram um resgate para a sua libertação, mas até hoje o jovem nunca apareceu.
Procurados pela Argentina desde 2003, detidos pela Polícia Judiciária em Aveiro, em 2016, Lohrman e Maidana (alegado número dois da organização criminosa), e mais três arguidos, estão acusados pelo Ministério Público de assaltarem, com violência, quatro bancos (três no concelho de Odivelas e um em Cascais), entre 2014 e 2016, conseguindo levar, ao todo, cerca de 235 mil euros, que foram transferindo para o estrangeiro, e furtado cinco viaturas.
Horacio Maidana assumiu hoje a participação num dos quatro assaltos, mas recusou falar “em pormenores”, nem mesmo após a insistência do coletivo de juízes. O arguido escusou-se ainda a revelar em qual dos assaltos é que participou e quem é que dos outros quatro arguidos também esteve envolvido na preparação e execução do assalto, justificando não querer “trair” ninguém.
Maidana negou ainda ao tribunal a existência de uma associação criminosa, de um grupo organizado, hierarquizado com o objetivo de realizar assaltos a bancos, os quais era feitos, segundo o próprio, sem qualquer tipo de planeamento.
No início da audiência, a presidente do coletivo de juízes, leu, na íntegra, o despacho de pronúncia, que remete para a acusação do Ministério Público, porque os arguidos não prescindiram dessa leitura, a qual demorou mais de hora e meia.
A audiência foi interrompida ao final da tarde, prosseguindo pelas 14:00 de terça-feira com a continuação da audição ao arguido Horacio Maidana.
A sessão ficou ainda marcada por fortes medidas de segurança, quer no interior, quer no exterior do Tribunal de Loures.
Quando Rodolfo "El Ruso" Lohrman e Horacio Maidana foram detidos, em 16 de novembro de 2016, pela Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo da Polícia Judiciária (PJ), no momento em que se preparavam para assaltar uma carrinha de valores, os dois apresentaram identidades falsas. Só meses depois é que a PJ descobriu as suas verdadeiras identidades, percebendo tratar-se de dois dos criminosos mais procurados pelas autoridades argentinas.
Os outros três arguidos - Manuel Garcia, guatemalteco, 32 anos, e Christian Gomez, 35 anos, de nacionalidade espanhola - estão em prisão preventiva ao abrigo deste processo, enquanto Jaime Fontes, português, 33 anos, está a cumprir pena por tráfico de droga, no âmbito de outro processo.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, antes de meados de agosto de 2014, os arguidos organizaram-se num grupo - que tinha “o seu modo de viver único e exclusivo” - para a prática de roubos a instituições bancárias em Portugal.
Escolhido o dia e hora do assalto, o grupo, liderado por Lohrman, atuava com grande violência.
A acusação indica que o grupo assaltou quatro bancos (três no concelho de Odivelas e um em Cascais), entre 2014 e 2016, conseguindo levar, ao todo, cerca de 235 mil euros, que foram transferindo para o estrangeiro, e furtado cinco viaturas.
Os arguidos estão acusados de associação criminosa e de vários crimes de roubo qualificado, furto qualificado, falsificação, branqueamento de capitais, detenção de arma proibida, condução sem carta, respondendo ainda alguns deles por falsas declarações.
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