Lula da Silva e Marcelo Rebelo de Sousa foram questionados sobre este tema em conferência de imprensa, no Palácio de Belém, em Lisboa, no fim de um encontro inserido na visita de Estado do Presidente do Brasil a Portugal.
Interrogado sobre se lamenta que não tenha tido acolhimento a ideia de discursar na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, o Presidente do Brasil manifestou ainda assim “muita alegria” por poder associar-se às comemorações do Dia da Liberdade em Portugal, mesmo que numa sessão de boas-vindas à parte.
“Fui convidado para participar da comemoração da Revolução dos Cravos. E é com muita alegria que vou participar. É com muita alegria, seja de manhã, à tarde. Só espero que não seja à noite, o restante eu posso participar tranquilamente”, respondeu.
Quanto ao motivo pelo qual não ficará para assistir, logo a seguir, à sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, Lula da Silva disse que a sua agenda “é feita com muita antecedência”, que não houve nenhuma mudança “de última hora”, e salientou que irá nesse dia iniciar uma visita a Espanha.
Por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a defender que há uma “ligação óbvia” entre o Brasil, “primeiro exemplo de independência, de descolonização em relação a Portugal”, em 1822, e o 25 de Abril de 1974 “um processo de descolonização de que nasceram outros Estados de língua oficial portuguesa”.
O chefe de Estado português argumentou que “o fundamental é que ficasse claro que havia essa ligação” e sustentou que “fica claro, quando é no dia 25 de Abril, é nesse dia, que coincidem a sessão de receção ao Presidente Lula da Silva e depois a sessão que é a tradicional de celebração interna do 25 de Abril”.
No seu entender, encontrou-se “uma fórmula inteligente e feliz” de resolver o assunto.
Em setembro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa discursou no Congresso brasileiro, em Brasília, na sessão solene comemorativa dos 200 anos da independência do Brasil.
Em 31 de dezembro, quando chegou a Brasília para a posse de Lula da Silva, o chefe de Estado português anunciou que o Presidente do Brasil iria a Portugal para uma cimeira luso-brasileira e visita de Estado de 22 a 25 de Abril deste ano, que culminaria com a sua participação na cerimónia do 25 de Abril.
Em fevereiro, João Gomes Cravinho disse expressamente que a ideia era ter o Presidente do Brasil a discursar na sessão comemorativa do 25 de Abril, o que seria inédito, nenhum chefe de Estado estrangeiro interveio nesta cerimónia anual, e gerou polémica, por se tratar de uma cerimónia da responsabilidade do parlamento, que ainda não estava acertada.
Os partidos à direita, PSD, Iniciativa Liberal e Chega, opuseram-se a que Lula da Silva discursasse na sessão solene comemorativa do 25 Abril, Dia da Liberdade.
Em conferência de líderes parlamentares acabou por ficar decidido antes realizar-se uma sessão de boas-vindas à parte durante a visita de Estado de Lula da Silva a Portugal, que foi agendada para a manhã de dia 25.
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