“Vocês me deram uma ideia. Se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o Ministério dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca porque a gente não pode criar um ministério para discutir as questões indígenas?”, disse Lula da Silva no Acampamento Terra Livre, coordenado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em Brasília.
“Da mesma forma que nós criamos vários ministérios, quero que vocês se preparem, não sei quem, mas se preparem, porque alguém vai ter que assumir o Ministério [indígena] e não será um branco como eu (…) terá que ser um índio ou uma índia”, acrescentou em outro momento do discurso.
Lula da Silva, que ainda não formalizou a sua candidatura à Presidência, mas lidera todas as sondagens de intenção de voto, também criticou as políticas ambientais do atual Governo brasileiro e afirmou que caso volte ao poder atuará para proteger territórios indígenas e as florestas que em muitos locais do país, especialmente na Amazónia, têm sido invadidos por fazendeiros e mineradores ilegais.
O ex-presidente reconheceu que o Partido dos Trabalhadores (PT) fez menos do que deveria pelos indígenas brasileiros, mas avaliou que as políticas nos liderados nos governos deoseu partido criaram muitas ações positivas, que foram destruídos pelo atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Contrapondo-se ao atual Governo brasileiro liderado por Bolsonaro, que defende a exploração económica da Amazónia, Lula da Silva também sugeriu que poderá revogar decretos e leis que ele considera contra os direitos dos povos originários e que foram emitidos pelo atual Governo.
O ex-presidente prometeu que nenhum projeto ou ação de pessoas de fora das comunidades ocorrerá em áreas indígenas sem a concordância dos membros das comunidades num eventual novo Governo liderado por si.
Antes de discursar, Lula da Silva ouviu várias lideranças indígenas que pediram especialmente a volta da política de demarcação de terras para os povos originários, paralisada no atual Governo, e também ações de defesa dos seus territórios, saúde e respeito à sua cultura.
Os indígenas também anunciaram que pretendem formar uma bancada indígena no Congresso brasileiro lançando mais de 30 candidaturas ao legislativo que também deverá ser renovado nas próximas eleições.
O ex-presidente assinou uma carta compromisso que lhe foi entregue pelos indígenas e organizadores deste acampamento que acontece em Brasília há 18 anos e que, em 2022 reúne, até a quinta-feira, representantes de mais de 200 povos originários do Brasil.
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