“Houve sinais conhecidos de que o BNA atuou”, disse José de Lima Massano, numa conferência de imprensa em Luanda, sem querer detalhar em que casos, depois de questionado sobre as revelações dos esquemas financeiros da filha do ex-Presidente angolano, Isabel dos Santos, para erguer o seu império, denunciadas numa investigação conhecida como ‘Luanda Leaks’.
O governador indicou que esta atuação “tem regras”, explicando que no caso dos bancos comerciais qualquer operação considerada suspeita obriga a uma declaração transmitida à unidade de informação financeira.
“Nós fazemos o exercício de assegurar que as normas que temos em vigor sobre a matéria, os bancos comerciais tenham conhecimento e instrumentos necessários para assegurar o seu cumprimento”, acrescentou o responsável do BNA, salientando que foi feito “um progresso assinalável” na preparação da banca comercial angolana no que se refere ao branqueamento de capitais.
Lima Massano frisou que esse trabalho está a ter continuidade e que, em 2021 e 2022, será feita uma avaliação pelo grupo de ação financeira, incidindo na resiliência do sistema financeiro no combate a práticas que violem estes princípios.
“Os regulamentos, as práticas que temos vão nesse sentido, protegermos as nossas instituições financeiras contra crimes financeiros da mais variada ordem”, destacou.
O governador do BNA afirmou que tomou conhecimento das revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação “provavelmente pela mesma via que a maior parte das pessoas tomou conhecimento” e admitiu que o ‘Luanda Leaks’ revelou novidades, pois não conhecia os “meandros” dos esquemas.
O responsável escusou-se, no entanto, a especificar quais foram as novidades.
Lima Massano considerou que cabe aos “órgãos de justiça fazerem o seu trabalho” e salientou que o BNA “tem em curso um conjunto de ações que visam melhorar todo o processo que tem a ver com idoneidade dos que investem” no sistema financeiro angolano “e dos que se encarregam da sua gestão”.
O governador referiu que há um conjunto de normas que serão publicadas este ano para melhorar os procedimentos e será igualmente feito um ajustamento face à nova lei de combate ao branqueamento dos capitais.
“Se tivermos informação relevante que possa pôr a estabilidade do nosso sistema financeiro em causa, o regulador está pronto para atuar e intervir”, sublinhou.
Um consórcio de jornalismo de investigação revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, depois de analisar, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos a tornar-se a mulher mais rica de África.
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