A empresa, que transporta mais de um terço dos passageiros na Islândia, estava à procura de investimento de emergência depois da Icelandair, outra companhia do país, se ter retirado das negociações na segunda-feira, 25 de março. Não tendo conseguido obter os fundos de que necessitava, a empresa cancelou todos os voos e anunciou o encerramento de operações.
Na página da Wow pode ler-se uma nota que oficializa a decisão. "A Wow Air cessou operações. Todos os voos da Wow Air foram cancelados. Aconselha-se aos passageiros que procurem voos disponíveis noutras companhias".
A empresa islandesa deixou ainda a informação de que "algumas companhias podem oferecer voos a custos reduzidos, os chamados custos de resgate, devido às circunstâncias", mas não apontou qualquer prazo para quando isso venha a acontecer, escrevendo apenas que "a informação quanto a essas transportadoras será publicada, quando estiver disponível". A empresa não operava voos para Portugal.
À BBC, um passageiro descreveu o caráter súbito do cancelamento, que se estima ter deixado 10 mil passageiros em terra. Retido em Detroit, nos EUA, quando esperava um voo para Dublin, na Irlanda, Barrai Omuireagain disse que era suposto apanhar um voo às 19 horas locais (23 horas em Lisboa) mas que foi "sendo adiado a cada hora".
Tendo Omuireagain perguntado a uma funcionária o que aconteceria se a empresa falisse, a resposta foi vaga, tendo a inquirida "oferecido pizza e dito que se esperava um plano de voo nos próximos 15 minutos". Só que pouco depois, do intercomunicador do aeroporto surgiu a informação de que "o voo tinha sido cancelado", tendo o irlandês e a sua família de passar a noite num hotel, descobrindo hoje a Wow Air tinha deixado de operar.
Como escreve o jornal inglês The Guardian, a empresa deixou a informação de que os clientes que podem solicitar uma compensação, sendo que, em caso de bancarrota da empresa, as queixas devem ser avançadas ao administrador da dívida. Contudo, quem comprou as suas viagens dentro da Zona Económica Europeia, estão protegidos pela diretiva de pacotes viagens europeia.
Fundada em 2011 pelo seu chefe executivo, Skuli Mogensen, a Wow começou a operar no ano seguinte, assegurando viagens de curto e longo-curso. A empresa islandesa obteve atenção mediática em 2015, quando prometeu fazer voos transatlânticos a 115 euros da Europa para os EUA. No ano passado transportou 3,5 milhões de passageiros e empregava ao momento 1.100 funcionários.
O seu encerramento pode agora ter consequências imprevisíveis na Islândia, não só devido aos seus trabalhadores mas para todos os empregos indiretos que assegurava no país.
O colapso ocorre ao fim de seis meses de tentativas de negociamento de Mogensen com a empresa rival, Icelandair, e com a empresa Indigo Partners, dos EUA. Tendo ambos os potenciais clientes se afastado das negociações nos últimos dias, a empresa entrou em emergência e não conseguiu assegurar financiamento. Por esta razão, o executivo escreveu hoje uma carta aos seus trabalhadores, dizendo nunca mais se poder perdoar por não ter agido mais cedo. "A Wow era claramente uma transportadora incrível e estávamos no caminho de fazer coisas excelentes outra vez", comunicou."
No entanto, Rory Boland, editor de viagens do grupo de consumidores Which?, notou que a empresa manteve uma postura pouco ética até ao final da sua atividade, já que esteve a vender bilhetes até às 7 horas de hoje. "Os passageiros vão ficar chocados com razão ao saber que a Wow Air estava a vender bilhetes até ao momento que colapsou."
O fim da Wow Air marca mais um encerramento mediático de uma transportadora aérea, tendo a inglesa Flybmi e a alemã Germania terminado operações só neste ano.
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