“Não abras este livro” foi a obra com mais votos entre os alunos do 1.º ciclo, conseguindo o primeiro lugar com 13,9% dos 33.733 votos, graças à iniciativa “Miúdos a votos”.

Este é o resultado da participação de mais de 15 mil alunos de cerca de 500 escolas de todo o país que fizeram parte da terceira edição da iniciativa, em que foram contabilizados 78.382 votos.

Os alunos mais novos foram os mais entusiastas, com 33.733 votos, segundo os dados disponibilizados pela organização que mostram que à medida que os alunos vão crescendo a adesão vai diminuindo.

No 2.º ciclo participaram 22.479 alunos, no 3.º ciclo foram 19.229 e, no ensino secundário, a iniciativa só conseguiu mobilizar a participação de 2.941 eleitores.

As regras eram simples: As turmas escolhiam um livro a seu gosto, depois faziam campanha, tentavam angariar votantes e os que conseguiam ter 50 votos passavam a integrar a lista de finalistas.

Este ano foram a concurso 70 obras, através da iniciativa da Rede de Bibliotecas Escolares e a Visão Júnior, em parceria com outras entidades como o Plano Nacional de Leitura.

Assim, os livros preferidos entre os mais novos são “Não abras este livro” (13,9%), “O Diário de um Banana” (13,5%), o “Cuquedo” (9,3%), “Tubarão na Banheira (8,9%) e “A girafa que comia estrelas” (7,4%).

No segundo ciclo, a “Avozinha Gansgster” foi a que angariou mais votos (16,2%), seguindo-se “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (8%) e “Harry Potter e a câmara dos segredos” (7,3%).

Os livros de aventuras de J. K. Rowling também estão entre os preferidos dos alunos do 3.º ciclo que elegeram “Harry Potter e a Pedra Filosofal” como o melhor de todos, com 14,8% dos votos, seguindo-se dois livros que remetem para o tempo do holocausto: o “Diário de Anne Frank” (14,4%) e “O Rapaz do pijama às riscas” (12,6%).

“A culpa é das estrelas” é o livro preferido dos alunos do ensino secundário, segundo a votação hoje divulgada que mostrou que 20% dos votantes o escolheram.

“A rapariga que roubava livros” e o “Diário de Anne Frank” foram as outras duas obras preferidas pelos mais velhos, com 16,2% e 14,1% dos votos, respetivamente.

O objetivo principal do “Miúdos a Votos” é escolher os livros preferidos, mas acaba por ser também uma forma de aproximar os mais novos dos métodos de eleição e processos democráticos, sublinhou o ministro da Educação em declarações à Lusa.

Um objetivo sério que conta com a participação da Comissão Nacional de Eleições: A CNE está presente “para ajudar em todo o processo e para poder esclarecer as crianças que tenham dúvidas relativas ao processo de eleição”, disse Tiago Brandão Rodrigues.

Além da “promoção da leitura e aproximação ao objetivo livro”, é também uma forma de “aumentar a literacia para os métodos de eleição e processos democráticos”, acrescentou o ministro, à margem do lançamento de um livro dos alunos da Escola Secundária de Ponte da Barca.

Os mais novos passam a “entender verdadeiramente os métodos de eleição e o que é isso de votar mas também para que servem as nossas eleições”, acrescentou.

Portugal foi um dos países com as mais baixas taxas de participação nas eleições europeias, com uma taxa de abstenção próxima dos 70%.

As escolas têm vários projetos para promover uma cultura de cidadania e participação democrática desde as idades mais precoces, como é o caso do Orçamento Participativo das Escolas, em que os alunos podem apresentar uma ideia para melhorar a sua escola, ou a Voz do Aluno, em que os estudantes debatem internamente questões que os preocupam.

O ministro da Educação esteve hoje numa outra iniciativa que considerou ser também essencial neste processo: A apresentação do livro “Opiniões de Segunda”, com os artigos de opinião dos alunos da Escola Secundária de Ponte da Barca escritos durante o ano letivo.

Trata-se de um “exercício de cidadania e de debate plural, potenciando o espírito crítico, a capacidade argumentativa e a expressão escrita”, sublinhou em declarações à Lusa.

Neste caso, a iniciativa partiu da Associação de Estudantes da escola e a receita da venda do livro reverterá a favor da organização não governamental Helpo, que promove projetos educativos em Moçambique.