"Aquilo que ficou definido na reunião, é que durante o mês de julho, este mês que ainda não entrou, nós fecharíamos um protocolo assinado ao mais alto nível", disse Eduardo Vítor Rodrigues na sessão ordinária da assembleia gaiense.
O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia (distrito do Porto) referia-se a uma reunião entre a Câmara, as juntas de Arcozelo e São Félix da Marinha, a Infraestruturas de Portugal (IP) e grupos de cidadãos sobre as passagens superiores na Granja e na Aguda, que têm sido alvo de contestação das populações locais.
Segundo o autarca, o objetivo do protocolo, a assinar "pelo senhor ministro" da tutela, Pedro Nuno Santos, é "outorgar politicamente" a solução para a travessia da linha do Norte.
Eduardo Vítor Rodrigues disse acreditar numa "boa solução", mas admitiu que "nunca será perfeita".
"Não é o momento de estar a pôr cá fora o conteúdo do processo negocial, sob pena de isto ser uma brincadeira de associações de estudantes", afirmou, considerando que "ao presidente da Câmara compete negociar tranquilamente, fazer a gestão do processo, conseguir o melhor dos mundos".
"Deem-me até ao dia 31 de julho", pediu, garantindo que "se o epílogo não chegar" a "culpa" será sua, pois foi ele quem participou "em todo o processo".
Fonte da presidência da autarquia confirmou posteriormente à Lusa que este processo envolve não só as passagens superiores, mas também as barreiras acústicas à volta da linha.
Eduardo Vítor Rodrigues falava em resposta a dois cidadãos que intervieram acerca da problemática das passagens superiores na Granja e na Aguda.
Um deles, Vasco Sousa, membro do grupo informal de cidadãos da Praia da Granja, disse que na reunião foi transmitido ao grupo que "a solução que está a ser prevista ser instalada a muito breve trecho na Granja e que já foi instalada na Aguda seria uma solução provisória".
"Podemos estar perante uma impossibilidade técnica. Nós falámos com especialistas e a instalação da passagem superior poderá levar a uma impossibilidade técnica de construir um túnel na mesma localização", alertou o cidadão.
Assim, o grupo pediu que "sejam mantidas as passagens de nível tal como já está em Esmoriz e Cortegaça, e que seja reforçada a sinalização".
O projeto faz parte da modernização do troço da Linha do Norte entre Espinho e Gaia, no âmbito do programa Ferrovia 2020, adjudicado por 55,3 milhões de euros, cujas obras em várias estações e apeadeiros em Vila Nova de Gaia condicionam atualmente a circulação ferroviária.
Além da polémica relacionada com a construção de passagens superiores e de muros nas zonas da Granja e na Aguda, que tem sido alvo da contestação das populações locais, que já os apelidaram de “mamarracho”, “escarro arquitetónico” ou “muros de Berlim”, também está em causa a construção de uma passagem superior na Madalena, que poderá levar à demolição de um mirante do século XIX.
A demolição do mirante da Madalena, classificada pelo historiador de arte Francisco Queiroz como um "dos melhores exemplares no país" e "um exemplo paradigmático de uma tipologia de arquitetura específica de uma época", está prevista para este mês no âmbito de obras que decorrem atualmente na linha do Norte.
No Plano Diretor Municipal, o mirante ferroviário está catalogado como alvo de "proteção integral" de nível I, o mais alto em termos municipais, segundo a informação oficial disponível.
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