No final de um encontro de cerca de hora e meia na sede nacional do PSD, em Lisboa, Rui Rio falou numa “conversa solta e simpática”, enquanto Francisco Rodrigues dos Santos destacou a “ocasião favorável” para os dois partidos começarem a desenhar entendimentos para “uma alternativa não socialista”.
“Não sei se estamos mais próximos, nunca estivemos distantes”, afirmou Rio, apontando o CDS-PP como “parceiro histórico” do PSD quer em autárquicas, quer na governação.
Referindo a sua experiência pessoal em 12 anos à frente da Câmara do Porto em coligação, o líder do PSD acentuou que nunca teve dificuldades “ao longo dos anos em ter entendimentos com o CDS”.
Quanto à forma como poderá ser feito o entendimento com os democratas-cristãos para as próximas autárquicas, Rio apontou que será “como sempre se fez”.
“Deixar um bocadinho à liberdade de, localmente, concelho a concelho, as estruturas dizerem se querem ou não fazer coligações”, apontou, realçando que essa sempre foi a “regra” das parcerias autárquicas dos dois partidos.
Rio disse não esperar que o novo líder do CDS vá fazer “uma revolução” no partido e que tenha “uma linha de continuidade”, reiterando o posicionamento do PSD mais ao centro.
Questionado o que mudou desde o debate orçamental – quando sugeriu que o primeiro-ministro até mandava no CDS -, Rio respondeu em tom de brincadeira.
“Isso foi há uma semana, entretanto passou muita água pelo rio debaixo da ponte”, disse.
Se a conversa sobre as autárquicas não foi ainda a questões concretas como candidatos para Lisboa e Porto, Rio antevê que a reunião possa ter efeitos práticos a curto prazo, como “alguma convergência de opinião, alinhamentos entre PSD e CDS”.
Já Francisco Rodrigues dos Santos até aponta mais longe e admite entendimentos entre ambos os partidos em reformas em áreas como a justiça, segurança social ou sistema eleitoral, áreas desde sempre definidas como prioritárias por Rui Rio.
“Creio que está criada uma ocasião favorável para que o CDS e o PSD possam iniciar uma estratégia concertada a pensar nas próximas eleições autárquicas para que se consiga uma maioria de centro direita, onde o PSD representa certamente o centro e o CDS uma direita democrática e popular”, afirmou.
O líder do CDS realçou que, no futuro, “será necessário manter o estreitamento de relações institucionais com lealdade e confiança mútua”, mas também através das diferenças entre os dois partidos.
Rodrigues dos Santos manifestou ainda o empenho para que “as reformas de que o país precisa possam começar a ser desenhadas” e existam “pontos de convergência para uma alternativa não socialista em Portugal”.
Do lado do CDS-PP, estiveram presentes o vice-presidente António Carlos Monteiro e António Miguel Garcês e Lídia Braz, ambos da Comissão Executiva.
Do lado do PSD, na reunião estiveram, além de Rui Rio, o secretário-geral José Silvano e a vice-presidente Isaura Morais.
O encontro foi pedido pelo líder do CDS-PP, que foi eleito no Congresso de 25 e 26 de janeiro, e acontece na semana seguinte à reunião magna dos sociais-democratas, que consagrou Rui Rio para um segundo mandato à frente dos sociais-democratas.
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