Na convocatória hoje enviada aos chefes de Governo e de Estado da UE, e divulgada à imprensa, Charles Michel indica que, após o falhanço das negociações anteriores e depois de ter promovido conversações bilaterais sobre o quadro financeiro plurianual 2021-2027, decidiu “convocar uma reunião especial do Conselho Europeu, que começará a 20 de fevereiro de 2020”.
Vincando que “qualquer atraso [na entrada em vigor do próximo quadro financeiro] criaria sérios problemas práticos e políticos e colocaria em risco a continuação dos programas e políticas atuais, bem como o lançamento de novos”, Charles Michel sublinha que “chegou a hora de se alcançar um acordo”.
“Estou plenamente consciente de que essas negociações serão das mais difíceis […], mas também estou convencido de que, com bom senso e determinação, podemos atingir um acordo que beneficiará todos os europeus”, salienta o presidente do Conselho Europeu.
E pede, por isso, aos Estados-membros que demonstrem “espírito de compromisso”.
Charles Michel adianta que, “nos próximos dias”, voltará a promover conversações bilaterais antes de apresentar uma proposta para ser discutida na cimeira de final de fevereiro.
Dada a forte contestação de um grupo alargado de países - entre os quais Portugal - à mais recente proposta de orçamento da UE colocada sobre a mesa pela presidência finlandesa, esta foi sem surpresa rejeitada na cimeira de líderes de dezembro passado.
Entre os Estados-membros, as diferenças são de vulto entre as posições dos contribuintes líquidos – que pretendem evitar um aumento das respetivas contribuições à luz da saída do Reino Unido, que integrava esse grupo – e dos países que mais dependem dos fundos, designadamente os “amigos da coesão”, como Portugal, que rejeitavam em absoluto a última proposta finlandesa.
A proposta de Helsínquia, que assegurou a presidência rotativa do Conselho da UE no segundo semestre de 2019, defendia contribuições dos Estados-membros equivalentes a 1,07% do Rendimento Nacional Bruto conjunto da UE a 27 (sem o Reino Unido), valor abaixo da proposta original da Comissão Europeia (1,11%) e liminarmente rejeitado por um grupo alargado de países, como Portugal (que defende pelo menos 1,16%), assim como pelo Parlamento Europeu (cuja ambição chega aos 1,3%).
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