Alberto Núñez Feijóo disse, uma conferência de imprensa em Madrid, que transmitiu hoje ao chefe de Estado de Espanha, o Rei Felipe VI, a sua “disponibilidade para ser candidato” a líder do Governo, se o monarca assim o entender.
O presidente do PP realçou que aceitaria a nomeação do Rei para se submeter à votação do parlamento por ser o candidato a primeiro-ministro do partido que venceu as eleições e por contar com o apoio de 172 deputados, “a apenas quatro da maioria absoluta”.
Feijóo reconheceu que os 172 deputados disponíveis para apoiarem a sua investidura como primeiro-ministro de um governo minoritário do PP não lhe garante a eleição para o cargo.
O líder do PP voltou a insistir, porém, que até agora, foi sempre o partido mais votado que governou em Espanha e defendeu que deve manter-se o mesmo princípio.
Por outro lado, justificou que como candidato do partido mais votado tem o dever de se submeter à votação do parlamento e tentar formar governo.
Feijóo conta com o apoio dos 137 deputados do PP, dos 33 do VOX (extrema-direita) e dos dois da União do Povo Navarro (UPN) e da Coligação Canária (CC).
O líder do PP sublinhou que estes partidos já anunciaram o seu apoio a um governo dos populares “sem condições” e considerou que por isso lideraria um executivo com mais garantias de governabilidade e estabilidade do que aquele que propõe o Partido Socialista (PSOE).
O PSOE foi o segundo partido mais votado nas eleições de 23 de julho, mas tem mais aliados no parlamento e o líder dos socialistas, Pedro Sánchez, anunciou hoje, após um encontro com o Rei, que também é candidato a primeiro-ministro por considerar que consegue reunir os apoios necessários no Congresso dos Deputados.
Sánchez defendeu que já ficou provado que consegue reunir o apoio maioritário dos 350 deputados na semana passada, quando os socialistas ficaram com a presidência do parlamento, através dos 178 votos de uma ‘geringonça’ de partidos que inclui nacionalistas e independentistas bascos, catalães e galegos.
Nas declarações de hoje, Feijóo reiterou que está “a apenas a quatro deputados” da maioria absoluta, enquanto a Sánchez lhe falta, para o mesmo objetivo, “uma amnistia” de independentistas catalães condenados e acusados pela tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017, “um referendo de independência” e “uma oficialização da desigualdade entre espanhóis”, numa referência ao que considera serem vantagens concedidas a algumas regiões autónomas em detrimento de outras.
O Rei Felipe VI terminou hoje à tarde, com o encontro com Feijóo, uma ronda de audiências com os partidos que conseguiram representação parlamentar nas eleições de 23 de julho.
O objetivo da ronda de audiências é indicar ao parlamento um candidato a primeiro-ministro, que terá de ser aprovado pelo plenário do Congresso dos Deputados.
No passado, Felipe VI nem sempre indicou um candidato após a primeira ronda de contactos com os partidos, por considerar que nenhum tinha garantia de apoios suficientes, optando por repetir as audiências algum tempo depois.
Esta é a primeira vez que dois líderes de partidos dizem ao Rei que estão disponíveis para serem candidatos a primeiro-ministro.
Como já aconteceu no passado, quatro partidos nacionalistas e separatistas recusaram reunir-se com o Rei de Espanha, a quem não reconhecem legitimidade política.
Os quatro partidos que não transmitiram ao Rei o seu sentido de voto no parlamento são potenciais aliados do PSOE e de Pedro Sánchez.
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