Num comício em Vila Nova de Famalicão, Jerónimo de Sousa sublinhou ainda que as eleições legislativas “não escolhem nenhum primeiro-ministro”, alertando para o surgimento do “estafado artifício do voto útil”.
“Já sabemos que alguns procurarão usar o estafado artifício do voto útil, quando a vida provou nestes últimos anos, para quem tivesse dúvidas, que o que conta é a correlação de forças na Assembleia da República e que as eleições legislativas não escolhem nenhum primeiro-ministro”, frisou.
O líder comunista vaticinou ainda que nos próximos meses “voltarão as manobras para construir uma bipolarização artificial entre PS e PSD e voltará o discurso do perigo da direita, procurando esconder que cada voto no PCP e na CDU é um voto para afastar a direita, é mesmo o voto mais eficaz para afastar a direita”.
"Foi isso que aconteceu em 2015, é isso que acontecerá sempre”, referiu, afirmando que na noite eleitoral daquele ano “o PS já estava a mandar cumprimentos ao PSD” e a CDU teve um “papel determinante” para a formação da “geringonça”.
Por isso, considerou que ninguém pode agora acusar o PCP de, com o voto contra no Orçamento do Estado, estar a abrir a porta à direita.
“Quem está a abrir a porta ao PSD é o PS e não o PCP”, sublinhou.
Para Jerónimo de Sousa, “já se percebeu” que o objetivo do PS é “continuar a não responder aos problemas e manter as opções essenciais que marcam a política de direita, ambicionando fazê-lo seja por via da maioria absoluta ou por via de novos acordos com o PSD”.
"Ao contrário do PS, com o PCP não há qualquer risco de o apoio dado se traduzir em alianças com a direita e muito menos para aplicar uma política de direita. O reforço do PCP e da CDU é o caminho certo para que os próximos anos não sejam de retrocesso, mas de novas e importantes conquistas para os trabalhadores e o povo português”, disse ainda.
Aludindo ao “incontornável” papel do PCP nos avanços conquistados nos últimos seis anos, Jerónimo acrescentou que o partido não teme as eleições.
“Não procurámos eleições, mas não temos medo delas. Vamos para elas com a confiança de ter cumprido os nossos compromissos e de ter lutado com todas as nossas forças por outro rumo para o país e por um futuro melhor para todos os portugueses”, assegurou.
O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro de 2022 na sequência do “chumbo” do Orçamento do Estado do próximo ano, no parlamento, em 27 de outubro.
O Orçamento teve apenas o voto favorável do PS e os votos contra das bancadas do PCP, BE e PEV, além dos deputados da direita, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega. O PAN e as duas deputadas não inscritas abstiveram-se.
A perda do apoio parlamentar no Orçamento do Estado de 2022 foi um dos motivos invocados por Marcelo Rebelo de Sousa para justificar a dissolução do parlamento e a antecipação das eleições.
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