Numa reunião com a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, em Lisboa, João Cotrim Figueiredo não discutiu o projeto de reforma profunda do Sistema Nacional de Saúde (SNS) que propõe para o país, mas o “desgoverno” nesta área, nomeadamente a “má gestão” dos enfermeiros durante a pandemia da covid-19.
“Atrevo-me a dizer que talvez tenha sido a profissão menos reconhecida no meio deste enorme esforço que, em tempos de pandemia, foi evidente e que mesmo fora da pandemia tem sido extraordinariamente notável e não tem reconhecimento”, disse.
Para o liberal, é “muito difícil” alguém que é formado em Portugal na carreira de enfermagem ter perspetivas profissionais animadoras.
E as razões, sublinhou, passam pela falta de reconhecimento, estabilidade contratual, progressão na carreira, carga fiscal ou remuneração, levando estes profissionais a emigrar.
Tudo isto tem causado grande “descontentamento” nos enfermeiros e levou a que nos últimos 10 anos tenham emigrado cerca de 22 mil, frisou.
“Só nos últimos cinco anos estamos a falar de mais 9.000 enfermeiros que tomaram a opção de sair do país”, disse.
Para Cotrim de Figueiredo, na origem deste problema poderá também estar a “híper dependência” do Serviço Nacional de Saúde do Ministério das Finanças, reforçando existirem conjuntos de investimentos importantes que são adiados ou que não se realizam por conveniência orçamental.
Contudo, no entender do liberal, a saúde não pode ser uma variável orçamental.
“No nosso projeto de reforma do SNS isso deixaria de ser assim e atribuiríamos um grau de independência muito grande ao orçamento da saúde para que não pudesse ser uma arma política como, aparentemente, tem sido”, ressalvou.
Depois desta reunião, Cotrim Figueiredo terminou o dia de campanha com uma curta arruada em Telheiras, onde teve o apoio, maioritariamente, de jovens.
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