No frente a frente, na RTP3, a presidente centrista criticou a alegada falta de contas e contabilização das propostas eleitorais do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e criticou o seu caráter “ditatorial” quanto à ideia de limitar os apoios da União Europeia (UE) na produção de carne.
Se hoje um lombo de porco custa cinco euros por quilograma, Assunção Cristas questionou André Silva o que dirá a uma família que, por passar a ser necessário importar carne, “vá ao supermercado” e tenha de “pagar 15 euros por quilo” ou vá comprar um litro de leite três vezes mais caro do que acontece hoje.
Chegou até a dizer que o PAN quer que “toda a gente passe a ser vegetariano”, e apontou as contradições: “Não quer plásticos mas também não quer papel, não quer banha de porco, mas também não quer azeite, quer agricultura biológica, mas não quer produção animal, que dá o estrume, que é o que alimenta a agricultura biológica”.
André Silva reagiu com um “está a faltar à verdade” quando a líder centrista disse que a soja, base da alimentação de um vegetariano, vem do sudoeste asiático, o que provoca uma pegada de carbono.
As críticas do porta-voz e deputado do PAN centraram-se muito no plano político, acusando o CDS de ter propostas eleitorais para “dar tudo a todos”, o que pode "conduzir o país a uma situação financeira calamitosa”.
“O PAN, ao contrário do CDS, não quer dar tudo a todos”, com “contas complicadas, com défices enormes, a caminho do resgate”, afirmou, recordando o que se passou no passado recente.
André Silva argumentou que “o CDS lida mal com a evolução, com a sociedade que está em movimento, é partido negacionista” com o que está a passar, por exemplo, com a crise climática e acusou os centristas de serem coniventes e estarem “capturados” pelos “interesses” das indústrias.
Segundo alegou, o que está a passar-se na Amazónia, a maior floresta tropical do mundo, com as queimadas e incêndios, também é explicado com a necessidade de desmatar para se fazer a criação pecuária e recordou que a ONU tem feito várias recomendações para se reduzir o consumo de carne.
O deputado do PAN criticou ainda o desinvestimento na saúde entre 2000 e 2017, período que “atravessa vários governos”, incluindo do CDS, revelado por um relatório recente, e acusou os centristas de tentarem “drenar” o Serviço Nacional de Saúde (SNS), incluindo com a proposta de “abrir” a ADSE a todos.
No contra-ataque ao despesismo, Cristas afirmou-se “estupefacta” com a “falta de memória” ou de “falta de honestidade intelectual” de André Silva, lembrando que foi o PS, com “quem o PAN foi conivente”, ao aprovar vários orçamentos, a pôr “o país na bancarrota” e ter sido um governo PSD-CDS a tirá-lo dessa situação.
Olhando para o programa eleitoral do adversário, disse ter detetado “480 medidas que são aumentos de impostos” e foi através de outra contagem, por ter lido 38 vezes a palavra “proibir” ou "impedir" que acusou o PAN de ser “profundamente ideológico, contra a liberdade”, “ditatorial e autoritário”.
Para o final do debate, que vivo e animado pelas múltiplas questões levantadas por Cristas, ficou a discussão sobre a educação, a saúde, com o PAN a dizer que a sua aposta é na prevenção e acusar o CDS de defender os interesses privados, e, por fim, o tema da justiça.
Assunção Cristas questionou diretamente várias medidas na área da justiça avançadas pelo PAN, nomeadamente a discussão de um eventual agravamento de penas para os crimes de violência doméstica e fogos florestais, deixando de fora outros crimes como a violação, a pedofilia ou a corrupção.
A líder centrista disse não entender o critério e ver ali uma atitude “errática” da parte do seu adversário, que lhe respondeu com a acusação de demagogia.
Explicando-se, André Silva disse defender uma comissão alargada que estude a revisão do Código Penal e a questão das penas é uma delas e quanto ao combate à corrupção propôs aumento de meios para o Ministério Público e Polícia Judiciária, a par de tribunais para esta área.
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