"Enquanto lutamos para levar a nossa nação a um futuro mais brilhante, Donald Trump e os seus aliados extremistas continuarão a tentar fazer-nos retroceder", disse na conferência do Instituto do Caucus Hispânico do Congresso (CHCI) em Washington.
"Todos nos lembramos do que eles fizeram para separar as famílias", destacou a democrata perante um público empolgado que a interrompeu várias vezes com aplausos.
Sob a política de "tolerância zero" aplicada pelo republicano de 2017 a janeiro de 2021, milhares de crianças foram separadas das suas famílias para desencorajar a chegada em massa de migrantes, principalmente da América Central. Muitas famílias foram reunidas durante o mandato do próprio Trump e outras no governo do seu sucessor democrata, Joe Biden.
"Agora prometeram realizar a maior deportação, uma deportação em massa na história americana", advertiu. "Deportações em massa? Campos de detenção em massa? Sobre o que é que estão a falar?", perguntou Harris, defendendo uma abordagem diametralmente oposta: criar um caminho "para a cidadania" para milhões de migrantes e garantir a segurança na fronteira com o México. "Podemos fazer ambas as coisas e devemos fazer ambas", afirmou.
Durante cerca de 20 minutos, Harris, de 59 anos, detalhou algumas medidas do seu programa económico, que é o tema que mais interessa aos latinos, segundo as sondagens.
A democrata prometeu combater o aumento de preços das grandes empresas, facilitar o acesso à habitação, por exemplo, com ajuda para a compra da casa própria, e ampliar o crédito concedido por filho. Essas iniciativas são voltadas para as classes trabalhadora e média.
Ela também abordou o direito ao aborto, um dos pilares da sua campanha. Kamala afirmou que 40% das latinas nos Estados Unidos vivem em estados com restrições ou proibições do aborto e que ela "como presidente" assinaria "com orgulho" uma "lei para restaurar as liberdades reprodutivas".
A sete semanas das eleições, Kamala tenta conquistar mais votos, especialmente nos sete swing-states que decidem os resultados da votação de um país onde o presidente é eleito pelo sufrágio indireto.
Nesta quarta-feira, a vice-presidente recebeu uma boa e uma má notícia. A boa é que, de acordo com uma sondagem da Universidade de Quinnipiac, Kamala lidera sobre Trump em três desses estados: por pelo menos 5 pontos na Pensilvânia e no Michigan e por uma margem mais estreita em Wisconsin.
O candidato que falhar nestes três estados praticamente perderá a possibilidade de ser eleito em nível nacional. Donald Trump venceu nos três em 2016 e Biden repetiu o feito quatro anos depois.
A má notícia veio do poderoso sindicato dos camionistas Teamsters, que, rompendo com um quarto de século de apoio aos democratas, evitou apoiar tanto Kamala quanto Trump. Duas sondagens publicadas nesta quarta-feira pelo sindicato mostram que a base é mais favorável ao conservador.
Mais de 36 milhões de latinos poderão votar em novembro, ou seja, quase 15% do eleitorado, segundo um estudo do Pew Research Center, mas apenas metade costuma ir às urnas. A comunidade latina é muito forte noutros dois swing-states: Arizona, onde representa 25% do eleitorado, e Nevada (22%).
Nos últimos dias, a democrata multiplicou as suas mensagens para a comunidade latina, com entrevistas e eventos focados nos jovens. A maioria dos latinos vota nos democratas nas eleições presidenciais, mas os republicanos ganham espaço entre membros desta comunidade nos últimos anos.
Trump, de 78 anos, realizará um comício em uma localidade do estado de Nova Iorque, três dias depois de uma suposta segunda tentativa de assassinato contra ele na Flórida. Horas antes, acusou o Federal Reserve (Fed, banco central americano) de estar politizado.
O corte de taxas anunciado pelo Fed demonstra que a economia "está muito mal ou que estão a fazer política", afirmou Trump.
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