Pelas 15:15, os jovens partiram do Campo Pequeno, em Lisboa, rumo ao Ministério do Trabalho, empunhando faixas e bandeiras da CGTP e da Interjovem, enquanto gritavam palavras de ordem como “Agora e sempre a juventude está presente” ou “Contra a exploração a luta é solução”.
“Esta manifestação de jovens trabalhadores, convocada pela Interjovem e pela CGTP, quer por na rua aquilo que é a situação dos jovens do nosso país, uma situação em que são os mais atingidos pela crise epidémica e pelo modelo de baixos salários, precariedade, desregulação dos horários de trabalho, horários longos, que não permitem conciliar a vida profissional e pessoal, desinvestimento nos serviços públicos e de não acesso a uma habitação com um custo comportável”, apontou, em declarações aos jornalistas, a secretária-geral da CGTP.
Isabel Camarinha notou ainda que além do impacto da pandemia, a situação dos jovens trabalhadores foi agravada pela ausência de apoios.
Os jovens estão assim na rua, em Lisboa e no Porto, “para dizerem basta, que é preciso alterar estas opções, mudar este rumo, apostar e investir [...] para que não sejam enviados para a emigração”, notou a líder da intersindical.
Por outro lado, Isabel Camarinha lembrou que os jovens trabalhadores foram os primeiros a ser dispensados durante a pandemia, porque estavam no período experimental, pertenciam a empresas de trabalho temporário, tinham contratos a prazo ou eram falsos trabalhadores independentes.
Já a Interjovem, organização de jovens da CGTP, deixou críticas à ação “quase nula” do Governo e pediu uma “resposta mais assertiva” na defesa da contratação coletiva.
“Todos os apoios foram canalizados para as grandes empresas, para o grande capital, que amealharam para defender o lucro e não para defender o emprego”, disse à Lusa o coordenador nacional da Interjovem, Dinis Lourenço.
Este responsável sublinhou que “milhares de jovens trabalhadores” foram obrigados a ir para casa, perante a pandemia de covid-19, “com uma perda significativa do salário” e, muitas vezes, sem os complementos à remuneração base.
A central sindical exige também o aumento geral dos salários em 90 euros e a subida do salário mínimo para 850 euros.
“Isto requer uma ação e vontade política para efetivar os direitos dos trabalhadores”, vincou, garantindo que os jovens “vão intensificar a luta” nos locais de trabalho e levar, novamente, à rua estas reivindicações no 1.º de Maio.
Do lado dos partidos, esteve presente na manifestação o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que referiu estar “profundamente solidário” com os jovens trabalhadores.
“É, de facto, uma grande manifestação, uma força que transmite confiança de quem participa, com a particularidade de significar […] o combate contra a precariedade, uma chaga que atinge, particularmente, esta camada”, considerou o líder do Partido Comunista.
Jerónimo de Sousa disse ainda que a luta contra a precariedade “é um longo caminho”, situação que acarreta consequências para os jovens trabalhadores.
“Lembro-me, há quarenta e tal anos, quando se discutiu a legislação laboral, no sentido dos contratos a prazo, juravam a 'pés juntos' que era apenas para atender às exceções. Hoje, qualquer jovem, primeiro que consiga um posto de trabalho efetivo tem que lutar muito”, apontou.
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