“Temos tudo coordenado com o Governo”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), acompanhado do congénere de Loures, Ricardo Leão (PS), no final de uma visita promovida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aos terrenos que vão acolher a JMJLisboa2023, nas duas margens do rio Trancão, entre Lisboa e Loures.
A visita contou com a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, responsável no Governo pelo grupo de projeto para a JMJLisboa2023, que recusou prestar quaisquer declarações quando questionada pelos jornalistas, inclusive sobre duas questões: quanto custa e quem paga o quê.
Depois de o Público ter hoje noticiado que o Governo e a Câmara de Lisboa chegaram a acordo relativamente aos encargos financeiros e à concretização de tarefas, o Presidente da República fez coincidir o momento de entendimento com a sua segunda visita aos terrenos que vão acolher o evento. A primeira visita foi em 23 de fevereiro deste ano e está já agendada uma outra para daqui a três meses, porque o chefe de Estado quer acompanhar “a par e passo” as obras, que depois do evento deixarão como legado um parque verde entre Loures e Lisboa.
Entre a poeira no ar dos terrenos remexidos, com obras a decorrer, Marcelo Rebelo de Sousa começou a visita na zona de Loures, onde destacou o empenho de todos na preparação do evento, e escolheu prestar declarações aos jornalistas em Lisboa, concretamente no cimo do palco que está a ser preparado para o encontro católico, tendo como fundo a Ponte Vasco da Gama.
No final do encontro, após o chefe de Estado se ter despedido e abandonado o local, a ministra dos Assuntos Parlamentares reuniu-se informalmente com os autarcas de Lisboa e Loures, que após este encontro disseram que não iriam prestar declarações, mas, perante a insistência dos jornalistas, acabaram por responder a algumas questões.
“Aquilo que está acordado é que cada um de nós sabe exatamente aquilo que tem a fazer, portanto, tendo isso coordenado, ou seja, em que cada uma das partes sabe exatamente o que tem a fazer, está tudo resolvido e agora é avançarmos, estamos a contar os dias”, declarou o autarca de Lisboa, considerando que o trabalho já realizado, quando falta um ano para o evento, tem sido “extraordinário”.
Questionado sobre o acordo estabelecido com o Governo e se a Câmara de Lisboa mantém a disponibilidade para investir “até um total de 35 milhões de euros” na JMJ, o social-democrata disse apenas que “está decidido e está trabalhado”, acrescentando que “o valor aqui não importa, o que importa é fazer as coisas e saber quem faz o quê”.
“Vamos assinar o memorando”, assegurou, realçando a importância da Jornada como “um evento único”, com impacto na vida dos portugueses e até a nível internacional, e reforçando o empenho “total” das câmaras.
Também Ricardo Leão afirmou que, relativamente à questão do investimento de todos os parceiros, inclusive do Governo, “há um memorando de entendimento”, em que “assumiu cada um a sua quota-parte”. Esse acordo, sublinhou, “está fechado” e a assinatura está prevista para “muito brevemente”, com uma apresentação pública para revelar o que “cada um disponibiliza”.
Sobre o investimento previsto por parte da Câmara de Loures, o socialista adiantou que o valor “ronda os quatro a cinco milhões, seis milhões, mais os 11 milhões para o passadiço”, reiterando que a informação sobre o que cada um disponibiliza será tornada pública.
“Da parte de Loures, nunca houve tabu relativamente a essa matéria. Está tudo resolvido, está tudo fechado, e o que importa é que, finalmente, cada um sabe o que é que tem que fazer, isso é que é importante”, concluiu.
Os jornalistas insistiram na questão sobre o custo total estimado para a realização do evento, mas os autarcas também não responderam.
Na visita esteve também o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, que durante o percurso disse que os planos já traçados em mapa têm de ser validados pela Santa Sé e estão permanentemente a ser negociados, e referiu que junto ao palco existirão 2.000 lugares sentados, inclusive para jovens com necessidades especiais, e o restante espaço será ocupado em regime “tudo ao monte e fé em Deus”.
O coordenador do grupo de projeto para a JMJLisboa2023, José Sá Fernandes, também marcou presença, mas sem prestar declarações aos jornalistas.
Na sexta-feira, a Câmara de Lisboa informou que dispõe de 21 milhões de euros aprovados para JMJ e está disponível para investir “até um total de 35 milhões de euros”, sublinhando que os compromissos do Estado devem ser “no mínimo paritários” com o esforço da autarquia e lembrando que noutros grandes eventos em Portugal “os apoios do Governo foram claros”.
A JMJLisboa2023 vai decorrer de 01 a 06 de agosto do próximo ano na zona do Parque das Nações, em Lisboa, abrangendo também parte de território do concelho de Loures, num evento que conta com a presença do Papa Francisco e no qual são esperados mais de um milhão de jovens de todo o mundo.
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