Jorge Jesus foi hoje oficialmente apresentado como o novo treinador do Benficapara as próximas duas temporadas. O técnico já tinha sido anunciado como novo treinador dos ‘encarnados’ em 17 de julho, dia em que rescindiu com o Flamengo, mas só agora, após ter terminado a época, é que foi apresentado com pompa e circunstância. Por outras palavras, a conferência de imprensa desta segunda-feira não se tratou mais do que uma espécie de pro forma para que o treinador português, de 66 anos, se dirigisse à nação benfiquista sobre o seu regresso.
Só que há um problema: a nação está divida, segundo uma sondagem sem qualquer grau científico e que, na verdade, nada mais é do que a minha singela interpretação daquilo que se discute em vários grupos no WhatsApp dos quais faço parte. Uns não aceitam o regresso de JJ, outros consideram que o treinador é aquilo que o clube precisa para voltar a ganhar a "hegemonia" nacional. (Há ainda toda uma outra discussão sobre se há ou não condições para a continuidade de Vieira, mas isso será tema para outra crónica.)
De que se discute na aplicação que com tanta notificação varre a bateria do meu dispositivo móvel? Ora, os primeiros, esgrimam argumentos enumerando "humilhações" passadas. À baila surgem expressões como "Salão de Festas", fazendo alusão às derrotas diante o rival FC Porto no Estádio da Luz; há também o episódio em que ajoelhou no Dragão e que é "difícil esquecer"; ou, ainda, de que dos 10 títulos conquistados na primeira passagem na Luz, cinco são Taças da Liga, competição que não valorizam.
Do outro lado da barricada, fala-se no "melhor futebol" que o Benfica já praticou no séc. XXI, nos campeonatos, no prestígio, das idas às finais da Liga Europa que perdeu por azar ("só perde na final quem lá chega"), naquela que era a pobre realidade do Benfica antes de Jorge Jesus tomar conta da equipa. As opiniões dividem-se, as ligações de notícias de feitos e derrotas são partilhadas como se uma bola de ténis se tratasse.
Jorge Jesus frisou e enfatizou várias vezes este ponto: veio para unir e não para dividir. Tanto que não assinou pelo clube para se reformar, mas sim "para ganhar". Salientou ainda que regressou ao Benfica a "ganhar menos" do que aquilo que auferia no Flamengo, o paraíso. Que quer não só vencer, mas que quer ganhar novamente a confiança dos adeptos — especialmente aqueles que não estão consigo de momento, as vozes críticas que não olham para o seu regresso com esperança. Para isso, lembrou aquilo que aconteceu quando chegou à cidade do Cristo Rei, para orientar o Flamengo.
"Tenho de convencer os adeptos [tal como fiz] quando cheguei ao outro lado do Atlântico, [quando] ninguém acreditava em mim. E não eram 7 milhões, eram 50 milhões. [Mas] quando eu sai de lá, eles choraram por mim. É isso que eu vou tentar fazer no Benfica".
Se o vai conseguir? Só o tempo o dirá. Para já, aquilo que se sabe é que Jorge Jesus parece igual a si próprio, ou seja, um JJ confiante no seu trabalho. "Estou habituado a ganhar tudo, não estou habituado a ganhar um campeonato", "um somos todos" ou "não vamos jogar o dobro, vamos jogar o triplo" foram só algumas tiradas e que amanhã muito provavelmente farão parte das conversas não só de café, mas em crónicas como esta.
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